Maranguape, no Ceará, é considerada a cidade mais violenta do Brasil com uma taxa de 79,9 mortes intencionais por 100 mil habitantes, segundo dados do Anuário de Segurança, divulgado nesta quinta-feira (24) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).
Três municípios baianos vem em seguida nesse ranking: Jequié, Juazeiro e Camaçari. A disputa entre facções pelo controle do tráfico de drogas é apontada como a principal causa da violência nessas dez cidades, conforme o levantamento.
O anuário frisa ainda que essas disputas de gangues sustentam as taxas alarmantes de homicídios no Nordeste inteiro. Vale lembrar que a taxa de mortes violentas intencionais considera homicídios dolosos, latrocínios, lesões corporais seguida de morte e mortes decorrentes de intervenção policial.
Veja ranking das cidades mais violentas no Brasil:
Ranking | Cidade | UF | Taxa (por 100 mil habitantes) |
---|---|---|---|
1º | Maranguape | CE | 79,9 |
2º | Jequié | BA | 77,6 |
3º | Juazeiro | BA | 76,2 |
4º | Camaçari | BA | 74,8 |
5º | Cabo de Santo Agostinho | PE | 73,3 |
6º | São Lourenço da Mata | PE | 73 |
7º | Simões Filho | BA | 71,4 |
8º | Caucaia | CE | 68,7 |
9º | Maracanaú | CE | 68,5 |
10º | Feira de Santana | BA | 65,2 |
11º | Itapipoca | CE | 63,8 |
12º | Sobral | CE | 59,9 |
13º | Sorriso | MT | 59,7 |
14º | Porto Seguro | BA | 59,7 |
15º | Marituba | PA | 58,8 |
16º | Teófilo Otoni | MG | 58,2 |
17º | Santo Antônio de Jesus | BA | 57,7 |
18º | Santana | AP | 54,1 |
19º | Ilhéus | BA | 54 |
20º | Salvador | BA | 52 |
Ranking dos Estados
Com 45,1 mortes por 100 mil habitantes, o Amapá lidera a lista dos estados mais violentos do Brasil em 2024. Em seguida vem a Bahia (40,6) e o Ceará (37,5). Mesmo estando no topo do ranking, o Amapá registrou uma queda de 30,6% na taxa em comparação com 2023. Já São Paulo teve o menor índice de mortes no Brasil, com 8,2 por 100 mil.
Veja quais estados estão entre os mais violentos:
Estado | 2023 (Taxa por 100 mil habitantes) |
2024 (Taxa por 100 mil habitantes) |
Variação |
---|---|---|---|
BRASIL | 21,9 | 20,8 | -5,4% |
Amapá | 64,9 | 45,1 | -30,6% |
Bahia | 44,4 | 40,6 | -8,4% |
Ceará | 33,9 | 37,5 | 10,9% |
Pernambuco | 38,3 | 36,2 | -5,4% |
Alagoas | 37,6 | 35,4 | -5,7% |
Maranhão | 27,1 | 30,4 | 12,1% |
Mato Grosso | 30,7 | 29,8 | -3% |
Pará | 31,9 | 29,5 | -7,3% |
Amazonas | 33,2 | 27,4 | -17,4% |
Rondônia | 26,1 | 26,1 | -0,3% |
Paraíba | 25,8 | 25,6 | -0,9% |
Rio Grande do Norte | 30,3 | 24,2 | -20,3% |
Espírito Santo | 26,9 | 23,9 | -11,2% |
Sergipe | 30,2 | 22,8 | -24,5% |
Rio de Janeiro | 24,8 | 22,1 | -10,8% |
Acre | 24,4 | 20,3 | -16,7% |
Piauí | 21,9 | 20,3 | -7,3% |
Tocantins | 27,4 | 19,8 | -27,9% |
Goiás | 22,5 | 18,8 | -16,6% |
Mato Grosso do Sul | 20,9 | 18,7 | -10,2% |
Roraima | 25,5 | 18,6 | -27,1% |
Paraná | 19,3 | 18,4 | -4,7% |
Minas Gerais | 14,4 | 15,1 | 5% |
Rio Grande do Sul | 17,7 | 15 | -14,9% |
Distrito Federal | 10,5 | 8,9 | -14,9% |
Santa Catarina | 8,5 | 8,5 | 0% |
São Paulo | 7,6 | 8,2 | 7,5% |
Mudança no perfil da violência
O levantamento mostrou ainda que houve uma mudança do padrão de criminalidade. Apesar da queda de 2,3% na taxa de homicídios por 100 mil habitantes, atingindo o índice de 21,2, o menor dos últimos 11 anos, houve uma mudança no perfil dos crimes. Conforme levantamento, observou-se redução em quase todos os crimes contra o patrimônio praticados na rua, no comércio e nas residências, como apontado no 18º Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Entretanto, o estelionato praticado em meios digitais aumentou de forma extraordinária nos últimos anos, alcançando quase 2 milhões de registros de ocorrência, o equivalente a um golpe a cada 16 segundos.
De acordo com o Fórum, a transformação digital da sociedade, ao mesmo tempo em que ajuda a revelar os altos níveis de violência que permeiam as relações sociais (inclusive intrafamiliares e relacionadas ao ambiente escolar, como o cyberbullying), traz em seu bojo novas relações que potencializam o medo do crime. Esse é caso do estelionato digital que segue no rastro do furto ou roubo de celular, que pode ocasionar prejuízos significativos às vítimas, em valores muitas vezes superiores ao valor do aparelho subtraído.
“Ao mesmo tempo em que houve redução de crimes violentos letais nos últimos anos – tendo o número de homicídios reduzido cerca de 30%, de 65.602, em 2017 para 45.747, em 2023 – vivenciamos um aumento da percepção de insegurança”, informa o relatório. O Atlas da Violência 2025 utilizou os dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde.
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