A menos de 100 dias do início da COP30, 25 países signatários da conferência climática da ONU enviaram uma carta à organização do evento e à UNFCCC cobrando soluções urgentes para o alto custo da hospedagem e a precariedade logística em Belém (PA), cidade-sede da conferência. O texto pede garantias mínimas de estrutura e sugere que, caso os problemas persistam, parte da conferência seja transferida para outro local.
O documento, ao qual a Folha de S.Paulo teve acesso, faz críticas diretas à escalada nos preços de hotéis, à oferta insuficiente de leitos, à insegurança e à dificuldade de deslocamento na capital paraense.
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Entre os signatários, estão representantes de países desenvolvidos como Áustria, Bélgica, Canadá, Suécia e Suíça, além de blocos de negociação como o Grupo de Países Menos Desenvolvidos (LDC) e o Grupo de Negociadores Africanos.
“Se a COP inteira for mesmo acontecer em Belém, essas condições precisam ser garantidas”, diz a carta. “Se não forem atendidas, não teremos chance de chegar a um resultado de sucesso.”
Pressão internacional
Embora o texto reconheça o esforço do governo brasileiro na organização da COP e celebre a escolha de Belém como sede simbólica de um evento climático, o conteúdo da carta representa uma crescente pressão diplomática sobre o Planalto, especialmente em um evento que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) trata como vitrine internacional de sua agenda ambiental.
O presidente da COP, André Corrêa do Lago, confirmou nesta quinta-feira (31) que alguns países pediram o deslocamento do evento. “Acredito que talvez os hotéis não estejam se dando conta da crise que estão provocando”, afirmou.
Estouro de preços
Desde o anúncio de Belém como sede da COP, os preços de hospedagem dispararam — e o déficit de leitos passou a ser tratado como um dos maiores desafios logísticos da história recente da conferência.
Para tentar conter os danos, o governo tem avaliado alternativas como o uso de residências do programa Minha Casa, Minha Vida, escolas públicas, Airbnb e até navios cruzeiros atracados na região. Também foram abertas apurações internas sobre possíveis práticas abusivas do setor hoteleiro.
A plataforma oficial de hospedagem da COP foi lançada com atraso e é inicialmente restrita aos países participantes. O governo brasileiro se comprometeu a garantir:
• 15 quartos por até US$ 200 para países menos desenvolvidos e insulares
• 10 quartos por até US$ 600 para os demais países
O total reservado é de 2.500 quartos, o que representa apenas 5% da demanda estimada para as cerca de 50 mil pessoas que devem participar do evento.
Países rejeitam propostas
O documento revela também insatisfação com o pedido do Brasil para que as nações reduzam suas delegações. Os países alegam que há limites operacionais e diplomáticos para reduzir os participantes, já que os temas da COP são negociados simultaneamente em diversas frentes.
Além disso, os signatários criticam a falta de transparência sobre os critérios para acomodação e a possibilidade de representantes terem que dividir quartos para cortar custos.
“Nunca antes tantas delegações estavam sem saber como iriam participar da COP tão perto do início do evento”, diz um trecho da carta.
Risco de esvaziamento
A maior preocupação dos países gira em torno da cúpula de chefes de Estado, que tradicionalmente acontece antes da abertura oficial da COP.
A UNFCCC realizou uma reunião de emergência no dia 29 de julho e deu prazo até 11 de agosto para o Brasil apresentar respostas. O diplomata Richard Muyungi, presidente do Grupo de Negociadores Africanos, afirmou à Reuters: “Estamos pressionando o Brasil para que forneça soluções concretas, e não apenas nos peça para limitarmos nossas delegações”.
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