Caged, Focus, balanços corporativos, indústria nos EUA e mais destaques desta 2ª

A agenda econômica no Brasil nesta segunda-feira (4) traz a divulgação do Boletim Focus, às 8h25. Este é o primeiro relatório após a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter a taxa Selic em 15%, anunciada na última quarta-feira (30). O boletim traz projeções de instituições financeiras para indicadores como inflação, crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e taxa de câmbio.

Às 14h30, será divulgado o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) referente a junho, que detalha os dados sobre o mercado formal de trabalho no país.

Nos Estados Unidos, às 11h, sai o índice de encomendas à indústria de junho, que mede os pedidos recebidos por fábricas, um indicador importante da atividade industrial. A divulgação ocorre em meio ao aumento das apostas em cortes de juros pelo Federal Reserve (Fed), após o relatório de emprego (payroll) mais fraco divulgado na sexta-feira e o anúncio da saída de Adriana Kugler do banco central, o que abre espaço para que o presidente Donald Trump indique um novo membro alinhado à sua defesa por juros mais baixos.

Quanto aos balanços do segundo trimestre deste ano (2T25), empresas como Copasa (CSMG3), BB Seguridade (BBSE3), Pague Menos (PGMN3) e Tegma (TGMA3) têm suas demonstrações programadas para hoje. Com relação ao tarifaço sobre produtos brasileiros, investidores estarão atentos a possibilidade de um telefonema entre Lula e Trump antes da medida entrar em vigor na quarta-feira.

O que vai mexer com o mercado nesta segunda

Agenda

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva inicia a agenda às 9h, com reunião no Palácio do Planalto com o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Sidônio Palmeira, e o secretário de Imprensa da pasta, Laércio Portela. Às 10h, encontra-se com o chefe do Gabinete Pessoal da Presidência da República, Marco Aurélio Marcola, também no Palácio do Planalto. Às 14h40, recebe o secretário especial para Assuntos Jurídicos da Casa Civil, Marcos Rogério de Souza. Em seguida, às 15h, participa da cerimônia de sanção do Projeto de Lei nº 847/2025, que aprimora a destinação de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT).

Brasil

  • 08h25 – Focus (Semanal)                 –
  • 14h30 – Caged (junho)
      
    EUA
  • 11h – Encomendas à indústria (junho) 

INTERNACIONAL

Ligação

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse na sexta-feira (1°) que o presidente Lula pode ligar para ele “a qualquer momento” para falar sobre as tarifas e outros conflitos em ambos os países. A declaração foi dada em resposta a uma pergunta da repórter da TV Globo, Raquel Krähenbühl, sobre a possibilidade de conversa direta entre os presidentes.

Ordens de Trump

Ainda na sexta, Trump afirmou ter ordenado o envio de dois submarinos nucleares para áreas próximas à Rússia, reagindo a ameaças de Dmitry Medvedev. O ex-presidente russo mencionou o sistema soviético de retaliação nuclear “Mão Morta”, alertando Trump sobre seu poder destrutivo. Trump respondeu que Medvedev está “entrando em território perigoso”. A movimentação militar ocorre antes do prazo dado por Trump para Putin aceitar um cessar-fogo na Ucrânia. Trump criticou a ofensiva russa, classificando-a como “repugnante”.

Prejuízo

A indústria francesa de vinhos e destilados pode perder até €1 bilhão caso os EUA imponham uma tarifa de 15% a partir de 7 de agosto. A medida pode cortar 25% das exportações anuais e afetar 600 mil empregos, segundo a Federação dos Exportadores de Vinhos e Destilados da França (FEVS). França e União Europeia ainda tentam negociar uma isenção. O excesso global de vinho e a queda na demanda agravam o quadro. Representantes do setor alertam que o impacto também será negativo para o mercado dos EUA.

FMI

O Fundo Monetário Internacional (FMI) concluiu a primeira revisão do acordo de 48 meses com a Argentina, liberando cerca de US$ 2 bilhões. O FMI destacou a transição para um regime cambial mais flexível, queda da inflação e crescimento econômico. Embora a Argentina não tenha atingido a meta para reservas internacionais líquidas em junho, outras metas foram cumpridas e medidas corretivas estão em andamento. A diretora-geral Kristalina Georgieva ressaltou a importância de preservar a flexibilidade cambial e pediu reformas no mercado de trabalho, investimento estrangeiro e abertura comercial.

ECONOMIA

Propostas de apoio

Entidades do consumo e varejo preparam um documento para o governo detalhando os impactos do tarifaço e propostas de apoio, como suspensão da alta do IOF. O texto está em fase final e será enviado em breve, segundo o jornal Valor Econômico. Também será pedido apoio a adiantamentos de contrato de câmbio (ACCs) e flexibilização nas contratações pela CLT. Dezesseis associações, incluindo Abras e Abia, participam da iniciativa. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) apresentou medidas semelhantes ao vice-presidente Geraldo Alckmin.

Tributação BBB

A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, disse que o governo precisa avançar no projeto que prevê a taxação de bets, bilionários e bancos, a chamada tributação “BBB”, e melhorar a distribuição de renda no País. “Temos que taxar bancos, bilionários e bets. Essa gente não pode continuar ganhando dinheiro”, afirmou durante o 17º Encontro Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT).

Concessões

Eletrobras, Cemig e a chinesa CTG garantiram extensão das concessões de usinas hidrelétricas após vencerem leilão da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) na sexta-feira (1º). As empresas arremataram títulos de dívida do mercado de curto prazo que devem ser pagos antes da extensão das concessões. A CTG participou com as usinas Capivara e Chavantes, a Eletrobras com Coaracy Nunes, e a Cemig com Queimado, Irapé e a PCH Pai Joaquim. O valor total movimentado foi de R$ 1,4 bilhão, referente ao passivo do risco hidrológico (GSF). O prazo da extensão será divulgado em 20 de agosto, após o pagamento das dívidas em 13 de agosto.

Produção industrial

A produção industrial do Brasil cresceu 0,1% em junho, após dois meses de queda, mas ficou abaixo da expectativa de 0,4%. Apesar do leve avanço, a produção caiu 1,3% na comparação anual, segundo o IBGE. No segundo trimestre, o setor teve alta de 0,1%, mas segue 15,1% abaixo do pico de 2011. Especialistas apontam a política monetária restritiva e a tarifa de 50% dos EUA como fatores que pressionam a indústria. A taxa Selic está em 15%, enquanto o mercado de trabalho se mantém sólido.

Mais caro

A Petrobras anunciou um aumento de 4,7% no preço médio do querosene de aviação (QAV) para distribuidoras, válido a partir de sexta-feira (1º). O reajuste equivale a R$ 0,16 por litro a mais em relação ao mês anterior. No acumulado de 2025, o preço do QAV teve leve queda de 0,3%, ou R$ 0,01 por litro, em comparação com dezembro de 2024. Os reajustes são feitos mensalmente, conforme contratos. A Petrobras vende o combustível para distribuidoras, que atendem empresas aéreas e revendedores nos aeroportos.

POLÍTICA

Igualdade

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, disse que o Brasil quer negociar em igualdade de condições com os Estados Unidos porque tem “tamanho, postura e interesses” para isso. Ele classificou como “inaceitável” o governo do país norte-americano usar justificativa política – a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro – como um dos motivos para tarifar os produtos brasileiros.

Sem intimidação

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), declarou que ignorará as sanções impostas pelos Estados Unidos e classificou as tarifas comerciais de 50% dos EUA ao Brasil como ação “vil” e “traiçoeira”. Moraes afirmou que o STF não aceitará coações ou tentativas de golpe vindas de uma “organização criminosa miliciana”. Ele garantiu que seguirá com suas funções na corte normalmente, apesar das sanções. O ministro ressaltou que a Primeira Turma do STF concluirá ainda neste semestre o julgamento das ações sobre a tentativa de golpe de Estado. Moraes defendeu a independência do Judiciário e rejeitou interferências internas ou externas.

Durante o jantar

Durante um jantar no Palácio da Alvorada, Moraes comunicou a Lula que, por ora, não pretende abrir ação nos EUA contra as sanções impostas a ele pelo governo Trump. Apesar de a Advocacia-Geral da União (AGU) estar pronta para representá-lo, Moraes dispensou a ajuda por enquanto, mas não descartou futuras ações internacionais.

Provocações

O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) liderou a manifestação bolsonarista em Belo Horizonte neste domingo, 3, e usou o seu discurso para provocar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que foi alvo de sanções do governo norte-americano de Donald Trump na última semana.

“Alexandre de Moraes, você é um cara corajoso. Mas sem toga você é nada”, disse Nikolas. “Nós muito bem sabemos que o STF não é o dono do Brasil”, completou.

Prioridades do Congresso

Os deputados e senadores brasileiros voltam do recesso parlamentar nesta terça-feira (5) com previsão de votar, neste segundo semestre, entre outras pautas, a isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil; a taxação das bets e de títulos de investimentos isentos; e a cassação da deputada Carla Zambelli (PL-SP), condenada a 10 anos de prisão pela invasão ao sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Também deve ser destaque neste semestre a votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2026, que define as prioridades do orçamento do próximo ano, e que já deveria ter sido enviada à sanção em julho, segundo define a Constituição.

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública, de origem do Executivo, também deve ocupar os parlamentares. Aprovada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a PEC aguarda instalação da Comissão Especial.

Outras prioridades são o projeto para regulação da Inteligência Artificial (IA), em tramitação na Câmara; e a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da fraude do INSS, já autorizada pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP).

Insistente

Eduardo Bolsonaro (PL-SP) intensificou a pressão nos EUA para ampliar as sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF, buscando o bloqueio total das contas bancárias do magistrado. O deputado licenciado argumentou que os bancos brasileiros não estariam cumprindo completamente a sanção da Lei Magnitsky, enquanto o governo americano reforçou que a restrição vale para todas as operações financeiras. Caso os bancos no Brasil não congelem as contas, podem enfrentar sanções dos EUA, o que amplia o impacto contra Moraes.

Ato de lesa-pátria

O ministro Gilmar Mendes, decano do STF, classificou como “ato de lesa-pátria” a atuação de Eduardo Bolsonaro nos EUA para deslegitimar o Judiciário brasileiro. Em discurso na reabertura da Corte, Mendes condenou a sanção americana contra Alexandre de Moraes e denunciou uma “ação orquestrada de sabotagem contra o povo brasileiro”. Segundo ele, os ataques vêm de grupos radicais inconformados com a derrota eleitoral e de empresas resistentes a regras no Brasil. Mendes defendeu Moraes e afirmou que o STF não cederá a pressões internas ou externas. “Esse Supremo Tribunal Federal não se dobra a intimidações”, disse.

Medidas cautelares

A maioria dos brasileiros (55%) apoia as medidas cautelares impostas a Jair Bolsonaro, como o uso da tornozeleira eletrônica, segundo pesquisa Datafolha realizada em julho. O mesmo percentual acredita que o ex-presidente pretendia fugir do país antes do julgamento, previsto para setembro. A aprovação é maior entre menos instruídos (59%) e entre quem ganha até dois salários mínimos (57%), enquanto evangélicos e bolsonaristas mostram maior rejeição às restrições.

COP30

O presidente da COP30, André Corrêa do Lago, descartou a possibilidade de transferir o evento de Belém, mesmo após pressão de 25 delegações e críticas sobre os custos e infraestrutura. Lago afirmou que o Brasil tem estrutura suficiente, e o principal problema são os preços altos dos hotéis locais. Para amenizar, a organização lançou uma plataforma de hospedagem com preços acessíveis para países em desenvolvimento. Também são estudadas parcerias com Airbnb e uso de navios e imóveis sociais. A COP30 ocorrerá de 10 a 21 de novembro, reunindo cerca de 50 mil participantes.

Regime fechado

A Corte de Apelação de Roma manteve Carla Zambelli (PL-SP) presa em regime fechado durante o processo de extradição para o Brasil, que pode durar até dois anos. Detida após quase dois meses foragida, ela nega as acusações e se declara perseguida política. A defesa argumenta ausência de risco de fuga e planeja questionar supostas anomalias no processo brasileiro. Uma nova audiência está marcada para meados de agosto, quando poderá ser revista a prisão preventiva.

CORPORATIVO

Vale

A Vale avalia que, se os preços do minério de ferro seguirem perto de US$ 100 por tonelada, pode haver dividendos adicionais ou recompra de ações no fim do segundo semestre. O minério fechou a US$ 108,60 na China. Segundo Marcelo Bacci, o ritmo de queda da dívida líquida expandida, hoje em US$ 17,4 bilhões, será determinante. A meta da Vale é manter a dívida entre US$ 10 bilhões e US$ 20 bilhões. A expectativa é chegar a US$ 15 bilhões até o fim do ano. A empresa deve receber US$ 1 bilhão com a venda de participação na Aliança Energia no terceiro trimestre. A Vale também monitora o avanço da mina Simandou, na Guiné, e pode ajustar seu mix de produtos.

(Com Estadão e Reuters)

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