Muitas pessoas ao viajar, ou simplesmente sair para o trabalho, usam câmeras de segurança para monitorar o dia a dia de seus pets. Esses dispositivos, além de mostrar em tempo real o que os peludinhos andam fazendo, ainda permitem que seus tutores se comuniquem por meio do viva-voz ou chamada de vídeo na esperança de serem reconhecidos. Pelas redes sociais, não faltam cenas de cachorros abanando o rabo ou virando a cabeça ao ouvir a voz do dono no celular. Mas será que, do outro lado da linha, o animal realmente entende quem está falando?
A dúvida é legítima e já motivou estudos científicos. Afinal, cães e gatos escutam em frequências diferentes das nossas e processam o mundo de forma única. Embora muitos tutores jurem que seus animais reconhecem a voz pelo telefone, a ciência vem investigando se esse reconhecimento auditivo é real ou apenas uma coincidência. Sendo assim, o TechTudo investigou e chegou à conclusão de que: a resposta pode envolver mais do que apenas som e passa, também, por cheiro, imagem e vínculo emocional. Confira, a seguir, um pouco de como os animaizinhos reconhecem os donos.
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Montagem feita com prints das redes sociais, que mostram vídeos virais feitos com animais ouvindo as vozes de seus tutores. Destaque para o vídeo do Gato Mariano
Reprodução/Danilo Dias
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Cachorro ou gato reconhece sua voz pelo celular? Veja o que diz a ciência
O TechTudo reuniu cinco coisas importantes que você precisa saber a respeito da percepção dos pets em uma chamada de áudio. Será que ele reconhece a sua voz? A seguir, confira os tópicos que serão abordados nesta lista.
Você chama seu cachorro pelo celular. Ele entende?
O que dizem os estudos sobre reconhecimento de voz em cães
O que dizem os especialistas
Quais fatores influenciam a reação do cachorro?
Pets viralizando nas redes
Conclusão
1. Você chama seu cachorro pelo celular. Ele entende?
Com o crescente número de pais de Pet, algo que também cresce é a preocupação ao estar longe. Seja no trabalho, viajando ou até mesmo com saudade do bichinho, muitos usuários ligam para os animais, por meio de suas câmeras de segurança ou celulares e conversam com eles pelo viva-voz.
Do outro lado da tela, o cachorro ou gato ouve, mas será que ele interage? Fica atento? Anda até o dispositivo? Ou ignora completamente o som? Essa é uma situação comum para tutores e que desperta uma pergunta curiosa: será que eles sabem que somos nós?
Cachorro estraga foto
Reprodução
Muitos usuários relatam que seus pets reagem à chamada de vídeo ou áudio. Como é o caso da arquiteta Luana Santos, que adquiriu o dispositivo por conta da segurança e em casos onde precisa viajar, já que essa comodidade permite “sair, ter o controle de ver que está tudo bem em casa e com os bichinhos”. Ela relata que, ao ouvir sua voz:
“Eles saem procurando e latindo, ficam agitados até perceberem a câmera, quando percebem aí que latem mesmo”.
Em alguns casos, os cães parecem reconhecer o som e demonstram empolgação. Em outros, ficam confusos ou até mesmo indiferentes. A questão é que a ciência começou a investigar a fundo como os animais de estimação lidam com esses estímulos auditivos artificiais e as descobertas são fascinantes.
2. O que dizem os estudos sobre reconhecimento de voz em cães
De acordo com estudos recentes, os cães não só escutam muito bem, como conseguem distinguir diferentes vozes humanas. Um exemplo é a pesquisa da Universidade de Sussex, na Inglaterra, que descobriu que os cachorros são capazes de reconhecer palavras mesmo quando ditas por pessoas desconhecidas, demonstrando uma capacidade surpreendente de percepção auditiva. Isso indica que, sim, eles podem reconhecer não só palavras, mas também vozes específicas.
Cachorro brincando no MacBook de seu dono
Reprodução
Outro estudo, promovido pela Universidade Eötvös Loránd na Hungria, confirmou que cães são capazes de reconhecer seus tutores apenas pelo som da voz, mesmo que o tutor esteja escondido. Porém, há um detalhe: os áudios transmitidos por celular são comprimidos, perdem nuances, e isso pode atrapalhar o reconhecimento. Neste cenário, alguns cães reagem fortemente à chamadas, enquanto outros parecem não fazer a menor ideia de quem está falando.
3. O que dizem os especialistas
Segundo Bárbara Cecília, auxiliar de veterinário e empreendedora no setor pet, cães são capazes de reconhecer a voz do tutor pelo celular. No entanto, apresenta algumas ressalvas:
Eles conseguem perceber o tom e o ritmo da voz, especialmente se você usa um tom mais carinhoso ou até mesmo voz infantilizada, mas com algumas limitações, como a qualidade do áudio. Os cães escutam em frequências mais altas que nós e, por isso, podem estranhar ou não identificar plenamente a voz.”
Ela ainda complementa, apontando a diferença entre ouvir ao vivo e ouvir por chamada:
A diferença está em vários fatores sensoriais e técnicos. Ao vivo, o cão ouve a voz por completa, sente o cheiro do tutor e, além de tudo, os cães observam a linguagem corporal, expressões faciais e gestos, enquanto ouvir via chamada a voz perde a qualidade, o cão ouve, mas não sente o cheiro, o que gera confusão.”
Além disso, a ausência de cheiro e de uma imagem nítida, segundo a especialista, atrapalha o reconhecimento do tutor pelo cão.
4. Quais fatores influenciam a reação do cachorro?
A reação de um cão ao ouvir a voz do dono pelo celular depende de vários fatores: a personalidade do animal, o nível de apego com o tutor, a frequência com que escuta a voz fora de casa e até o tipo de entonação usada. Vozes mais doces e animadas tendem a provocar mais atenção. Já vozes neutras ou distantes podem não despertar reação. Além disso, cães acostumados com sons eletrônicos podem identificar melhor a origem do áudio.
Bentley, o cachorro que ficou famoso fazendo festa em vídeo
Reprodução/YouTube
Outro ponto é a forma como o som chega até eles. Se o cão escuta o áudio mas não vê o tutor, ou se vê uma imagem sem cheiro, isso pode gerar confusão sensorial. Alguns cães ficam animados, enquanto outros podem sentir frustração, como afirma Bárbara Cecilia:
Usar o celular pode ajudar, sim, em alguns casos, mas também pode confundir ou até gerar frustração emocional para o pet. Tudo depende de como e quando essa interação acontece, e da personalidade do cão”.
5. Pets viralizando nas redes
Nas redes sociais, especialmente no TikTok, não faltam vídeos de pets reagindo às vozes de seus donos no celular. Em um vídeo viral, o Papagaio de nome Zeca, conversa com seu papai por meio de uma chamada de vídeo e a interação entre ambos é extremamente orgânica.
Ele não só reconhece a voz do seu tutor, como o responde como se ele estivesse presencialmente. Em outro, um Husky esbanja carisma e personalidade em uma chamada de vídeo com seu dono e ainda lhe dá um ultimato: don’t forget my treats, “não esqueça meus petiscos”, brinca o dono na legenda.
Imagem ilustrativa de pets que viralizaram nas redes sociais ao se comunicarem com seus tutores em vídeo chamada
Reprodução/Danilo Dias
Por outro lado, há também cães que simplesmente ignoram a chamada ou olham para o aparelho com estranhamento. Para Bárbara Cecilia, isso também é esperado: “Por conta da personalidade de cada cão, alguns são naturalmente sensíveis, atentos e ligados ao tutor. Outros são mais independentes ou calmos, e não se agitam tanto com estímulos auditivos.” O comportamento varia e isso torna cada experiência única e, muitas vezes, divertida.
6. Conclusão
De maneira geral, a ciência mostra que cães são plenamente capazes de reconhecer vozes humanas, inclusive a de seus tutores. No entanto, fatores como qualidade do áudio, ausência de cheiro e a forma como o som chega até eles podem influenciar a resposta do animal. Isso não significa que o celular é inútil nessas interações. Pelo contrário: em muitos casos, ouvir a voz do tutor pode, sim, confortar o pet e reforçar o vínculo emocional.
Ainda assim, é importante lembrar que o olfato continua sendo o principal sentido dos cães. Nenhuma tela ou alto-falante substitui o cheiro e a presença física do tutor. “Vídeo chamada pode aliviar a saudade em cães emocionalmente equilibrados que conseguem lidar bem com a ausência. Em cães ansiosos e apegados podem causar mais ansiedade”, conclui Bárbara Cecilia. Neste cenário, o celular pode ajudar — mas o carinho ao vivo ainda é insubstituível.
Com informações de American Kennel Club e National Library of Medicine
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