As consequências da prisão da deputada federal licenciada Carla Zambelli (PL-SP) na Itália começaram a atingir também quem a ajudou a se esconder. A Procuradoria-Geral de Roma abriu um inquérito para investigar a brasileira que deu abrigo à parlamentar em um apartamento no bairro Aurélio, área de classe média alta na zona oeste da capital italiana. A informação foi apurada pelo portal UOL.
Segundo o Ministério da Justiça da Itália, o caso segue um procedimento padrão previsto na legislação do país, que tipifica como crime de favorecimento pessoal dar abrigo a alguém condenado ou procurado pela Justiça, condição em que Zambelli se encontrava após ser incluída na lista vermelha da Interpol a pedido do Supremo Tribunal Federal (STF).
Datafolha: 57% dos brasileiros rejeita pressão de Trump sobre julgamento de Bolsonaro
Pesquisa também questionou os entrevistados sobre a tese de que Bolsonaro é alvo de perseguição política — argumento central da carta de Trump ao presidente Lula.
Para 46%, Bolsonaro é o culpado por tarifas dos EUA contra o Brasil, diz PoderData
Estratégia de Lula de vincular ex-presidente ao tarifaço começa a surtir efeito, mostra pesquisa
Zambelli foi detida na última terça-feira (29) no imóvel alugado, com aluguel estimado em 1.500 euros (cerca de R$ 10 mil), pouco após conceder entrevista ao jornal italiano La Repubblica.
O responsável por entregar a localização da parlamentar à polícia italiana foi o deputado Angelo Bonelli, do partido Europa Verde. Segundo ele, o endereço chegou até ele às 18h40 (hora local), e foi repassado à polícia às 19h50. A prisão foi feita por volta das 21h, o que desmente a alegação inicial de que a deputada teria se entregado voluntariamente às autoridades.
Audiência de custódia nesta sexta
A deputada deve passar por audiência de custódia cautelar nesta sexta-feira (1º), às 6h (horário de Brasília), na 4ª Seção da Corte de Apelação de Roma. A sessão será conduzida pelo juiz Aldo Morgigni e ocorrerá a portas fechadas. Zambelli poderá participar presencialmente ou por videoconferência, acompanhada de seu advogado na Itália, Pieremilio Sammarco.
Na audiência, o juiz vai questionar se a deputada aceita ser enviada de volta ao Brasil. Caso recuse, será aberto um processo formal de extradição, que poderá se arrastar por meses.
Trâmite da extradição
O Brasil já enviou o pedido de extradição à Itália, com base na condenação de Zambelli a 10 anos de prisão por invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e falsidade ideológica, com trânsito em julgado. A partir da audiência, caberá à Corte de Apelação analisar se os requisitos legais foram cumpridos — se a condenação é definitiva e se houve respeito ao direito de defesa.
Mesmo com parecer favorável da Corte, Zambelli poderá recorrer à Corte de Cassação, instância superior da Justiça italiana. A palavra final, no entanto, será do Ministério da Justiça da Itália, comandado por Carlo Nordio, que pode autorizar ou barrar a extradição por critérios político-administrativos.
Caso a extradição seja autorizada, a defesa ainda poderá recorrer à esfera administrativa, no Tribunal Administrativo Regional (TAR), prolongando ainda mais a permanência da parlamentar em solo italiano.
infomoney.com.br/">InfoMoney.