Black Sabbath revela bastidores caóticos por trás de Sabotage

Black Sabbath revela bastidores caóticos por trás de Sabotage

50 anos depois, Sabotage ainda ecoa como um grito de guerra. Em entrevista exclusiva à edição comemorativa da Rock Candy Magazine, os membros originais do Black Sabbath — Tony Iommi, Geezer Butler e Bill Ward — revisitam os bastidores turbulentos que moldaram o sexto álbum de estúdio da banda, lançado em 1975.

O disco, batizado de forma nada sutil, nasceu em meio a uma tempestade jurídica. O grupo enfrentava uma disputa acirrada com seu ex-empresário, Patrick Meehan, e se viu dividido entre tribunais e estúdios. “Era frustrante. Depois de anos em turnê e gravando, tínhamos pouco a mostrar. Estávamos exaustos e furiosos”, confessou o baixista Geezer Butler ao editor da revista, Howard Johnson. “Sabotage”, segundo ele, foi um reflexo direto desse estado emocional.

Tony Iommi reforçou o clima de instabilidade que cercava o processo criativo. “Num momento, discutíamos riffs no estúdio; no outro, estávamos prestando depoimentos em audiências. Essa dualidade consumia tudo.”

Mas, ao invés de cederem à pressão, os integrantes mergulharam em uma fase de ousadia artística. Após explorarem sonoridades diferentes em Sabbath Bloody Sabbath, decidiram ir além em Sabotage. “Estávamos testando sintetizadores, algo novo na época. Queríamos descobrir até onde poderíamos ir musicalmente”, revelou Butler. Para ele, faixas como “Hole In The Sky” e “Symptom Of The Universe” representam o ápice da fúria criativa do grupo.

O baterista Bill Ward, por sua vez, enxerga o álbum como um marco de amadurecimento. “Tínhamos percorrido um longo caminho desde ‘Black Sabbath’. A densidade das composições em Sabotage era extraordinária. Estávamos expandindo os nossos limites, e isso me deixou profundamente orgulhoso.”

Morre Ozzy Osbourne, vocalista do Black Sabbath, aos 76 anos

Faleceu nesta terça-feira (22) o cantor Ozzy Osbourne, lendário vocalista da banda de heavy metal Black Sabbath. O artista partiu aos 76 anos. A notícia de seu falecimento foi divulgada por meio de um comunicado oficial emitido por sua família. Ozzy enfrentava a doença de Parkinson desde 2019, embora a causa exata da morte não tenha sido revelada.

A nota da família foi publicada pelo jornal britânico The Sun e assinada por sua esposa, Sharon Osbourne, e pelos filhos Kelly, Jack e Aimee Osbourne. De acordo com o comunicado, o cantor faleceu pela manhã. A família também reforçou o pedido por privacidade neste momento de luto.

“É com uma tristeza maior do que as palavras podem expressar que precisamos informar que nosso amado Ozzy Osbourne faleceu nesta manhã. Ele estava com a família e cercado de amor. Pedimos a todos que respeitem a privacidade da nossa família neste momento.”

A morte de Ozzy Osbourne ocorre apenas 17 dias após sua última apresentação ao vivo, realizada no estádio Villa Park, em Birmingham, Reino Unido. O show, intitulado Back to the Beginning, contou com a presença de Ozzy ao lado de seus antigos companheiros do Black Sabbath. Segundo a revista Variety, o espetáculo será exibido nas telonas no próximo ano, agora com ainda mais significado por representar a última performance ao vivo do artista com a banda que o consagrou. Antes disso, Ozzy já havia anunciado sua despedida dos palcos em carreira solo.

Deixa como legado uma carreira solo brilhante, marcada por clássicos como “Crazy Train”, “No More Tears” e “Mama I’m Coming Home”. Além disso, seu trabalho como frontman do Black Sabbath o consagrou como uma das figuras mais emblemáticas da história do rock. Sua influência permanece viva tanto nos álbuns quanto nas memórias de gerações de fãs.

Ao longo de sua trajetória, Ozzy Osbourne acumulou importantes conquistas no cenário musical. Entre os diversos prêmios recebidos, destacam-se cinco estatuetas do Grammy Awards e uma estrela na Calçada da Fama em Hollywood, além de outras inúmeras homenagens que reconhecem sua contribuição para o rock e a cultura pop.

Ozzy Osbourne: uma personalidade marcante

Muito além da música, Ozzy Osbourne se tornou uma figura cultural única. Sua trajetória foi marcada por atitudes ousadas, comportamento irreverente e um carisma singular que o transformaram em um verdadeiro ícone do rock mundial. Com seu jeito provocador e imprevisível, ele construiu uma imagem pública que desafiava convenções — e que, ao mesmo tempo, fascinava o público. Não à toa, ficou conhecido como o “Príncipe das Trevas”.

Um dos episódios mais emblemáticos de sua carreira aconteceu em 20 de outubro de 1982, durante uma apresentação no Des Moines Veterans Memorial Auditorium, nos Estados Unidos. Naquele dia, um fã jogou um morcego vivo no palco, e Ozzy, acreditando se tratar de um adereço de borracha, mordeu o animal, arrancando sua cabeça com os dentes diante de milhares de pessoas. A cena chocou o público e gerou polêmica internacional, alimentando tanto o mito quanto a controvérsia em torno da figura de Osbourne.

Anos mais tarde, no documentário The Nine Lives of Ozzy Osbourne, lançado em 2020, o cantor falou com franqueza e humor sobre o momento, relembrando como tudo aconteceu e sua reação imediata ao perceber o equívoco:

“Pensei que fosse um morcego de borracha, peguei, coloquei na boca, mastiguei, mordi, sendo o palhaço que sou.”

Na sequência, Ozzy Osbourne descreveu as consequências do incidente e o tratamento médico necessário para evitar complicações de saúde, demonstrando como a situação, inicialmente tratada como parte de sua performance, teve desdobramentos sérios:

“Morcegos são os maiores portadores de raiva no mundo. Precisei ir ao hospital depois e começaram a me dar injeções contra raiva. Ganhei uma em cada nádega e tinha que tomar uma todas as noites.”

Apesar das controvérsias, episódios como esse ajudaram a consolidar sua reputação como uma das figuras mais excêntricas e autênticas do rock.

Essa autenticidade também foi exibida em outra faceta de sua vida: a familiar. A partir de 2002, o público pôde acompanhar mais de perto os bastidores da vida do astro por meio do reality show The Osbournes, exibido entre março de 2002 e abril de 2005. O programa mostrava o dia a dia da família Osbourne, revelando um lado mais íntimo e, por vezes, caótico do cantor. O sucesso da produção reforçou o carisma do artista fora dos palcos e apresentou sua personalidade única a uma nova geração.