BB Seguridade: balanço e proventos animam e ação sobe 1,1% – mas há ponto de atenção

A BB Seguridade (BBSE3) divulgou seus resultados para o segundo trimestre de 2025 (2T25) com lucro líquido de R$ 2,2 bilhões, alta de 12% em relação ao trimestre anterior (ou de 20% em relação ao mesmo período do ano anterior), acima do esperado pelo mercado, assim como aprovou dividendos, mas com guidance (projeção) que desanimou. Ainda assim, os ativos BBSE3 subiram 1,13%, a R$ 33,93.

O lucrou ficou 2,5% acima da estimativa do Bradesco BBI e 1,3% acima do consenso. O desempenho levemente acima do esperado foi impulsionado por resultados financeiros mais fortes da holding (28% acima da estimativa), enquanto a equivalência patrimonial e as receitas de corretagem ficaram amplamente em linha com as expectativas.

O BBI destacou que o lucro líquido da Brasilseg ficou 5% acima da sua estimativa, devido principalmente a um índice de sinistralidade menor de 21,5% (de 24,5% estimados), enquanto a Brasilprev ficou 10% abaixo da nossa estimativa, impactada por resultados financeiros mais fracos (13% abaixo do nosso número) e resgates líquidos de R$ 3,7 bilhões (de aproximadamente R$1,5 bilhão no 1T25 e da nossa estimativa).

A Genial Investimentos ressalta que esse braço da BB Seguridade continua se beneficiando do cenário de juros elevados, o que favorece sua receita financeira — dada a estrutura majoritariamente pós-fixada de sua carteira. A unidade também foi positivamente impactada por um efeito não recorrente de R$ 129 milhões, decorrente da reversão de provisões judiciais após mudança legislativa. Além disso, a sinistralidade recuou -4,8 pontos percentuais (pp) na base trimestral (t/t) e -8,8 pp a/a, reforçando o avanço do lucro.

No geral, a casa ressalta que o desempenho foi impulsionado pelo forte resultado financeiro e pela melhora da sinistralidade na vertical de seguros. Todas as quatro verticais da companhia apresentaram crescimento sequencial de lucro, algo que não ocorria desde o 3T23.

A BB Corretora também teve um trimestre sólido, com lucro líquido de R$ 884 milhões (+4,1% t/t e +11,2% a/a), 6,9% acima das nossas expectativas, impulsionado pela expansão das receitas de corretagem e pela força do resultado financeiro.

“Apesar do resultado construtivo, desafios estruturais persistem. A companhia enfrenta dificuldades em expandir prêmios de seguros e continua registrando captação líquida negativa na previdência, refletindo um ambiente mais desafiador para o segundo semestre”, avalia.

Os prêmios emitidos recuaram -0,5% anualmente (a/a), pressionados principalmente pela queda de -22,9% a/a no seguro agrícola. Já as reservas avançaram apenas +9,8% a/a, abaixo do guidance, impactadas pelo decreto que impôs IOF sobre contribuições VGBL acima de R$ 50 mil mensais em maio — parcialmente revertido pela MP 1.303, que elevou o teto de isenção para R$ 300 mil anuais em 2025 e R$ 600 mil em 2026. Ainda assim, o efeito regulatório contribuiu para uma captação líquida negativa de -R$ 3,7 bilhões no 2T25.

Guidance para baixo

Apesar do resultado do 2T25 ter vindo acima do consenso — impulsionado principalmente pelo resultado financeiro e pela melhora na sinistralidade —, a BB Seguridade revisou negativamente seu guidance para 2025, refletindo tendências operacionais mais fracas no primeiro semestre.

Os prêmios emitidos apresentaram retração de -3,4% a/a no 1S25, enquanto o crescimento das reservas de previdência foi de apenas +9,8% a/a, abaixo do intervalo projetado anteriormente (12% a 16%), em função de resgates líquidos no período. “Tais fatores motivaram a revisão das estimativas para o ano”, aponta a Genial.

A expectativa de crescimento de prêmios emitidos passou de 2% a 7% para -4% a 1%, o resultado operacional foi ajustado de 3% a 8% para 1% a 4%, e o crescimento das reservas de previdência caiu de 12% a 16% para 9% a 12%.

Com esses ajustes, o lucro líquido implícito para 2025 foi revisado de R$ 9,04 bilhões (+10,9% a/a) para R$ 8,85 bilhões (+8,5% a/a) — patamar em linha com a projeção atual da Genial de R$ 8,9 bilhões (+9,2% a/a).

“Apesar da revisão negativa do guidance operacional — sinalizando um arrefecimento na contribuição dos prêmios e crescimento mais moderado das reservas —, o resultado financeiro continua a surpreender positivamente. O lucro acumulado no 1S25 cresce 14% a/a, sustentado por um cenário de juros elevados, que favorece as carteiras majoritariamente pós-fixadas das verticais de seguros, capitalização e corretora”, avalia a Genial.

O Bradesco BBI, por sua vez, aponta que a BB Seguridade apresentou um desempenho fraco, impulsionado principalmente por resultados financeiros, enquanto as tendências operacionais continuam desafiadoras.

Saiba mais:

“Notavelmente, os investidores já pareciam esperar uma revisão no crescimento dos prêmios emitidos, considerando os dados da Susep e o desempenho do 1T25, mas a revisão dos resultados operacionais não decorrentes de juros e das reservas de previdência trouxe uma surpresa negativa. Importante destacar que já estávamos na extremidade inferior da projeção anterior para o resultado operacional não decorrente de juros, mas o ponto médio da nova projeção é ainda menor que nossa estimativa, em 2,5% (de 4,0% do nosso número)”, avalia o banco.

Como tal, mantém sua visão cautelosa de que o crescimento da BB Seguridade depende fortemente das tendências operacionais do Banco do Brasil, e que os prêmios emitidos podem continuar pressionados devido ao cenário desafiador de crescimento do banco, tendo recomendação neutra e preço-alvo de R$ 39.

Já a Genial Investimentos segue com recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 47,00, implicando um upside de 40,1% frente ao último fechamento. “Em um ambiente de maior incerteza macroeconômica, a combinação entre defensividade, dividendos robustos e valuation atrativo torna a BB Seguridade uma opção sólida dentro do setor de seguros. Ainda assim, mantemos Porto (PSSA3) como nossa preferência no setor de Seguros, por apresentar uma agenda mais clara de crescimento”, avalia.

O Itaú BBA, por sua vez, tem recomendação equivalente à neutra (marketperform, ou desempenho em linha com o mercado) para BBSE3, com preço-alvo de R$ 38.

“A receita líquida fraca foi compensada por um menor índice de sinistros retidos e melhores resultados financeiros. Esse bom desempenho deve ser ofuscado por uma perspectiva mais baixa. O volume de vendas tem sido lento há algum tempo, com os prêmios rurais consolidados caindo 3% em relação ao ano anterior no 2T25. O produto de seguro prestamista foi impactado pelas altas taxas de juros. Além disso, as incertezas quanto à regulamentação do IOF sobre o VGBL afetaram a arrecadação de fundos de pensão”, aponta.

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