O ato de fincar uma bandeira na Lua em 20 de julho de 1969, durante a missão Apollo 11, foi um símbolo do avanço tecnológico e da demonstração de liderança global por parte dos Estados Unidos (EUA) na época. Tanto que, nas missões seguintes que levaram astronautas ao satélite natural — Apollo 12, 14, 15, 16 e 17 —, funcionários da NASA repetiram o hasteamento da flâmula norte-americana.
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Os aficionados por astronomia, inclusive, podem em algum momento ter se perguntado se é possível observar esses símbolos norte-americanos da Terra usando telescópios. Mas a resposta, infelizmente, pode ser frustrante.
“Não, isso não é possível. Os maiores telescópios profissionais têm em torno de 10 metros de diâmetro. Mesmo equipados com os melhores dispositivos existentes para minimizar o efeito da turbulência atmosférica sobre as imagens, é impossível distinguir objetos com dimensões tão pequenas a distâncias tão grandes”, afirma o professor Roberto Costa, do Departamento de Astronomia do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP.
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O conceito que explica essa impossibilidade é a chamada resolução angular — que representa o menor detalhe, em termos angulares, que um telescópio pode distinguir — normalmente medida em frações de segundo de arco.
Segundo o especialista, o tamanho angular dessas bandeiras — que têm cerca de 2 metros de comprimento e estão a 384 mil km da Terra — é de aproximadamente 0,001 segundo de arco, o que impossibilita sua distinção pelos telescópios terrestres.
“Em termos comparativos, seria como tentar medir o diâmetro de um fio de cabelo a 100 km de distância”, destaca o docente da USP.
Limites dos telescópios terrestres
Os telescópios instalados na Terra também enfrentam uma limitação imposta pela óptica conhecida como limite de difração — ou seja, o menor tamanho angular que esses instrumentos podem alcançar devido à natureza ondulatória da luz.
Por conta disso, os telescópios terrestres não conseguem ver detalhes menores que aproximadamente 0,02 segundo de arco — mesmo os equipamentos mais potentes, que operam próximos ao limite teórico estabelecido pela difração.
“Ainda assim, esse detalhe seria dezenas de vezes maior do que a sombra das bandeiras das missões Apollo. Fazendo uma conta rápida, 0,02 segundo de arco corresponde a cerca de 40 metros na Lua”, ressalta Roberto Costa.
Missão para as sondas espaciais
O professor do IAG-USP pontua que até mesmo telescópios situados fora da atmosfera da Terra não conseguem registrar imagens com detalhes angularmente tão pequenos. Essa missão, portanto, fica a cargo das sondas que orbitam a Lua.
Fotografias tiradas pela sonda Lunar Reconnaissance Orbiter (LRO), da NASA, conseguiram identificar as bandeiras deixadas pelas missões Apollo 12, 16 e 17 na superfície lunar.
A primeira flâmula, hasteada no satélite natural por Neil Armstrong e Buzz Aldrin durante a Apollo 11, não foi encontrada pela LRO — assim como os itens levados pelas missões Apollo 14 e Apollo 15.
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