Atuação de Eduardo Bolsonaro nos EUA é “ato de lesa-pátria”, diz Gilmar Mendes

O ministro Gilmar Mendes, decano do Supremo Tribunal Federal (STF), classificou nesta quinta-feira (1º) como “ato de lesa-pátria” a atuação de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos para minar a legitimidade do Judiciário brasileiro.

Em discurso durante a reabertura dos trabalhos da Corte, Mendes condenou a sanção imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra o ministro Alexandre de Moraes e denunciou o que chamou de “ação orquestrada de sabotagem contra o povo brasileiro”.

“Um deputado, na linha de frente do entreguismo, fugiu do país para covardemente difundir aleivosias contra o STF. Um verdadeiro ato de lesa-pátria”, afirmou o ministro, sem citar Eduardo Bolsonaro nominalmente. O filho do ex-presidente tem se reunido com congressistas e representantes do governo Trump em defesa de uma anistia ampla para os envolvidos nos ataques de 8 de Janeiro.

“Tentam interditar o Judiciário”

Segundo Gilmar Mendes, a ofensiva internacional contra o STF tem origem em grupos radicais inconformados com a derrota eleitoral de 2022, que usam narrativas falsas para deslegitimar as instituições democráticas.

“Nos últimos dias, temos acompanhado com perplexidade uma escalada de ataques contra os membros do Supremo, contra a Corte e, assim, contra todo o povo brasileiro”, afirmou.

O ministro também apontou dois vetores principais por trás das críticas: de um lado, apoiadores de lideranças investigadas por tentativa de golpe, e de outro, grandes plataformas digitais incomodadas com decisões que obrigam a responsabilização por crimes cometidos nas redes.

“As acusações partem de dois eixos de insatisfações. Um deles é o desespero daqueles que estão sendo confrontados com provas incontestáveis sobre a tentativa de ruptura institucional. Outro, mais econômico, vem de empresas que não aceitam cumprir regras básicas aplicáveis a qualquer companhia no Brasil.”

Defesa de Moraes e da democracia

Mendes saiu em defesa do ministro Alexandre de Moraes, alvo das sanções norte-americanas, e criticou os ataques sistemáticos promovidos por influenciadores e políticos ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

“O alvo central contra o qual as baterias dos radicais têm se voltado é o ministro Alexandre de Moraes, que conduz a investigação da tentativa de golpe de Estado. As críticas infundadas tentam interditar o funcionamento do Judiciário”, disse.

O ministro afirmou ainda que o STF não cederá às pressões internas ou externas. “Esse Supremo Tribunal Federal não se dobra a intimidações”, concluiu.

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