O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reagiu com ironia e indignação nesta segunda-feira (21) à possibilidade de o sistema de pagamentos Pix ser alvo de sanções por parte dos Estados Unidos. Durante entrevista à rádio CBN, ele comparou a crítica ao Pix à defesa de tecnologias obsoletas: “É a mesma coisa que alguém defender o telefone fixo, em detrimento do celular.”
A fala de Haddad ocorreu em resposta a questionamento sobre a inclusão do Pix em uma investigação norte-americana baseada no Capítulo 301, dispositivo legal dos EUA que trata de práticas comerciais consideradas ilegais. O ministro classificou como “ainda mais surpreendente” o incômodo com o sistema, argumentando que o Pix não tem qualquer relação com o comércio internacional.
“O Pix é um modelo exitoso de transações financeiras a custo zero, porque é um sistema totalmente informatizado, que inclusive serve de exemplo para o resto do mundo”, afirmou. Segundo ele, a ferramenta barateia as operações financeiras e promove a inclusão bancária no país.
Haddad admitiu que os rumores sobre sanções ao Pix chegaram ao governo no fim de semana e que, apesar de não haver confirmação oficial, o cenário está sendo considerado. “Obviamente que isso, a partir de agora, entra no nosso plano de contingência.”
Em tom crítico, ele reforçou o absurdo da hipótese: “Se não deixarmos prosperar a insanidade de imaginar que o Pix possa ser uma ameaça ao império americano, onde nós vamos parar?”
O ministro também voltou a apontar motivações políticas por trás da escalada nas tensões comerciais, atribuindo parte da responsabilidade a uma “força política no Brasil que é antinacional” e à relação entre o ex-presidente Jair Bolsonaro e Donald Trump. “É uma coisa tão insana o que está acontecendo, que nós precisamos baixar um pouco a bola e buscar interlocução com alguém que tenha noção do que está falando.”
Haddad reiterou que o Brasil não sairá da mesa de negociação e que os canais diplomáticos com os EUA continuam ativos. “Não está acontecendo essa história de que estamos parados aguardando o dia 1º”, afirmou, referindo-se ao prazo-limite para uma resposta oficial americana sobre as tarifas.
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