A aprovação recente do lenacapavir nos Estados Unidos, um medicamento injetável para prevenção do HIV, trouxe esperança para o enfrentamento da epidemia. Com aplicação semestral e alta eficácia, ele pode revolucionar a profilaxia, especialmente entre populações vulneráveis. No entanto, sua chegada ao Brasil enfrenta dois grandes entraves: barreiras regulatórias e econômicas.
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O primeiro obstáculo é regulatório. O lenacapavir ainda não foi aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para uso como PrEP (profilaxia pré-exposição). Sem essa aprovação, o medicamento não pode ser analisado pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec), responsável por recomendar a inclusão de novas terapias no SUS.
Mesmo com pedidos em andamento (existem dois pedidos, um na forma injetável e o outro na forma de comprimidos), o processo pode ser demorado por causa da complexidade técnica e exigência de dados complementares, comuns no caso de novas moléculas.
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O segundo problema é o custo. Embora estudos indiquem que o custo de produção do lenacapavir poderia ser de apenas US$ 25 a 46 por pessoa ao ano, o preço praticado nos Estados Unidos ultrapassa US$ 28 mil por paciente. Essa diferença extrema dificulta qualquer negociação para a compra pública.
Além disso, o Brasil ficou de fora dos acordos de licenciamento de genéricos firmados pela farmacêutica Gilead, o que limita o acesso a versões mais baratas e impede a produção nacional.
Sem ações coordenadas para superar essas barreiras, o país corre o risco de ver essa inovação chegar tarde (ou sequer chegar) às populações que mais precisam. É necessário acelerar os trâmites regulatórios e negociar acordos de transferência de tecnologia, permitindo que laboratórios públicos produzam o medicamento.
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