Ao menos US$ 1 bilhão em chips de processadores de inteligência artificial (IA) da Nvidia foram enviados ilegalmente para a China nos três meses após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, endurecer as regras de exportação.
De acordo com o jornal Financial Times, dezenas de contratos de venda, documentos de empresa e fontes ligadas às transações confirmam que o chip B200 da Nvidia está chegando para os chineses, apesar das restrições.
Barreira alfandegária
A venda destes produtos não é proibida, desde que submetidas à tarifa alfandegária, o que não estaria acontecendo. Segundo o FT, a situação coloca em xeque os esforços de Washington para conter as ambições tecnológicas de Pequim.
Em maio, diversos distribuidores chineses de Guangdong, Zhejiang e Anhui começaram a vender os B200 para fornecedores de centros de dados que atendem a grupos chineses de IA, segundo documentos revisados pelo FT. As vendas também incluiriam outros processadores restritos, como os H100 e H200.
A Nvidia tem dito há muito tempo que não há “nenhuma evidência de desvio de qualquer chip de IA”. Não há provas de que a empresa esteja envolvida ou tenha conhecimento de que seus produtos restritos estejam sendo vendidos para a China.
“Tentar montar centros de dados com produtos contrabandeados é uma proposta perdedora, tanto técnica quanto economicamente”, disse a Nvidia ao FT. “Centros de dados precisam de serviço e suporte, que fornecemos somente a produtos autorizados da Nvidia.”
Empresa fundada em fevereiro lidera vendas
Uma empresa baseada em Anhui, chamada de “Portão da Era”, é uma das maiores vendedoras de B200, segundo documentos obtidos pelo FT.
Ela foi fundada em fevereiro, enquanto cresciam as especulações de que Trump encerraria as vendas do chip H20 para a China. A empresa é controlada por um grupo de mesmo nome sediado em Xangai, registrado no mesmo dia, de acordo com registros da companhia.
Os chips foram vendidos em racks prontos, cada um contendo oito B200, além de outros componentes e softwares necessários para conexão direta a um centro de dados. Um rack desse tipo tem o tamanho aproximado de uma mala grande e pesa cerca de 150 kg incluindo a embalagem.
Segundo fontes do setor, especificações do produto e fotos de embalagens vistas pelo FT indicam que muitos dos racks B200 vendidos pela Portão da Era, assim como por outros distribuidores chineses nos últimos meses, eram originalmente da Supermicro, uma montadora americana que fornece soluções de chips para centros de dados.
Não há indicação de que a Supermicro esteja envolvida ou tenha conhecimento do contrabando dos seus produtos para a China. A Supermicro afirmou que “cumpre todas as exigências de controle de exportação dos EUA na venda e exportação de sistemas GPU”.
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