A Terra está girando mais rápido, e isso pode obrigar os cientistas a tomarem uma decisão sem precedentes na história da cronometragem moderna: a adoção de um segundo intercalar negativo. Esse ajuste sutil, mas extremamente técnico, pode parecer irrelevante para o dia a dia das pessoas, mas tem impactos diretos em áreas como tecnologia, telecomunicações, aviação e sistemas financeiros.
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Nos últimos anos, especialmente desde 2020, medições precisas mostraram que a rotação da Terra está se acelerando ligeiramente. Em vez de durar exatamente 86.400 segundos (ou 24 horas), alguns dias estão terminando até 1,5 milissegundo mais cedo. Embora esse número pareça pequeno, ele tem consequências significativas para sistemas que exigem sincronização precisa, como redes de computadores, GPS e bancos de dados financeiros.
A velocidade da rotação da Terra não é constante. Ela é influenciada por uma série de fatores naturais, incluindo:
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- A posição da Lua, que exerce força gravitacional sobre o planeta;
- Distribuição de massas na Terra, como oceanos e calotas polares;
- Atividades sísmicas e movimentações tectônicas;
- Até mesmo mudanças climáticas, que redistribuem massas de gelo e água.
Recentemente, a Lua tem estado mais afastada do equador, o que reduz seu efeito de frenagem sobre a rotação do planeta. Esse fator tem contribuído para dias ligeiramente mais curtos.
O que os cientistas vão fazer?
Para manter a precisão do Tempo Universal Coordenado (UTC), a referência global de tempo, os cientistas precisam ajustar conforme a variação da rotação da Terra. Desde 1972, isso tem sido feito por meio da adição de um segundo intercalar positivo, ou seja, adicionando um segundo ao UTC quando a rotação da Terra atrasa.
Mas agora, com a Terra adiantando-se em relação ao UTC, os especialistas do Serviço Internacional de Sistemas de Referência e Rotação da Terra (IERS) consideram a possibilidade inédita de remover um segundo do relógio atômico, o chamado segundo intercalar negativo.
Jamais um segundo intercalar negativo foi implementado. E muitos especialistas estão preocupados com os riscos técnicos disso. Sistemas de computadores e redes globais foram construídos para lidar com a adição de segundos, mas não com a remoção. Erros, falhas e desincronizações em setores críticos, como aviação e bancos, são riscos reais.
Diante desses desafios, cientistas e agências já defendem a abolição completa dos segundos intercalares até 2035, permitindo que o UTC se afaste gradualmente do tempo astronômico, o que não causaria impacto imediato para a maioria das pessoas.
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