“Sete-estrelo” é um dos nomes mais antigos e populares dados ao aglomerado estelar das Plêiades, um conjunto de estrelas localizado na constelação de Touro. A expressão, usada especialmente em tradições indígenas brasileiras, chama atenção por uma curiosidade que atravessa séculos: afinal, por que falamos em sete estrelas se geralmente só conseguimos ver seis?
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Por que “sete” se só vemos seis?
A contradição entre o nome e a observação a olho nu não é um erro. Muitas culturas (da Grécia Antiga aos povos indígenas da Austrália e das Américas) registraram lendas sobre sete irmãs ou sete garotas celestes. No entanto, é comum que apenas seis estrelas sejam visíveis, mesmo em noites limpas.
O telescópio espacial Gaia mostrou que duas estrelas próximas no aglomerado (Atlas e Pleione) hoje parecem uma só a olho nu. Mas há cerca de 100 mil anos, Pleione estava mais afastada e visível separadamente. Isso sugere que, na pré-história, o céu mostrava de fato sete estrelas distintas, o que teria dado origem a histórias orais transmitidas por gerações e espalhadas com as migrações humanas ao redor do mundo.
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Sete-estrelo na tradição indígena
Entre povos indígenas brasileiros, como os Tupi-Guarani, o nome Sete-estrelo aparece vinculado ao mito de Ceiuci, uma jovem indígena transformada em estrela após desobedecer regras sagradas. Segundo a lenda, Ceiuci foi morta pelo próprio filho, Jurupari, e colocada no céu sob a forma de um conjunto de sete estrelas bem próximas: o Setestrelo.
O aparecimento do grupo no horizonte antes do amanhecer era um indicativo importante da chegada da primavera, marcando ciclos agrícolas e rituais religiosos.
Esse tipo de ligação entre o número sete, figuras femininas e o céu noturno não é exclusivo do Brasil. Os Sioux, da América do Norte, contam que sete garotas fugiram de um urso gigante e subiram numa montanha, que foi elevada aos céus pelo Grande Espírito, formando o mesmo grupo de estrelas.
O nome Plêiades e o touro branco
Já na mitologia grega, o aglomerado é conhecido como Plêiades, nome que também remete ao número sete. São as sete filhas do titã Atlas com Pleione: Maia, Electra, Taígeta, Estérope, Mérope, Alcíone e Celeno. A lenda diz que Mérope, por ter se casado com um mortal, brilha menos, explicando a “irmã perdida” que poucos veem.
O grupo está localizado dentro da constelação de Touro, o touro branco mitológico que carregou Europa através do mar. Assim, ao olhar para o céu, é como se o Sete-estrelo estivesse apoiado sobre o dorso do animal.
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