Os smartphones chineses marcaram presença e ganharam muito destaque no mercado brasileiro no início dos anos 2020. A chegada de marcas como Honor, Realme, Vivo (no Brasil, “Jovi”) e Huawei poderia representar mais opções e preços competitivos.
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No entanto, aconteceu o oposto: celulares intermediários receberam valores próximos ou superiores a modelos topo de linha de marcas já consolidadas como Samsung e Apple. Entenda fatores que podem ajudar a explicar o cenário.
1 – A chegada em massa das marcas chinesas
Muitas marcas chinesas entraram oficialmente no mercado nacional nos últimos anos, porém, antes muitos aparelhos dessas empresas já estavam presentes no Brasil por meio do chamado mercado cinza, com produtos importados por terceiros, sem distribuição oficial e com menos impostos.
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A entrada oficial implica no segmento em normas fiscais, oferecer garantia nacional e investir em infraestrutura, o que aumenta os custos. O fato da chegada de várias marcas ao mesmo tempo, intensificou a concorrência e dificultou o destaque de cada uma no mercado.
2 – Preços mais altos do que marcas populares
Um aspecto que anda surpreendendo os consumidores são os preços de alguns aparelhos.
O Honor Magic V3, um dobrável com processador da geração anterior, chegou custando quase R$ 20 mil. Um valor para lá de salgado. Já o Honor 7 Lite, um aparelho intermediário, apresentou preços por volta de R$ 4.599.
Os preços um tanto fora da realidade, não são exclusividade da Honor. Em junho de 2025 a Huawei lançou no Brasil, o Huawei Mate XT Ultimate por R$ 33 mil.
Mesmo que se trate de um aparelho top de linha, triplo dobrável com tecnologia única, o valor é suficiente para comprar seis iPhones 16, uma Honda CB125F ou Fiat Palio.
Em paralelo, modelos como o Galaxy S25 Ultra, topo de linha da Samsung, têm sido encontrados por valores em torno de R$ 6.500.
Essa diferença levanta dúvidas sobre o real posicionamento desses produtos e o público-alvo que as marcas chinesas pretendem atingir.
3 – Custos de importação e tributação no Brasil
O Brasil possui uma das cargas tributárias mais altas do mundo para produtos eletrônicos.
Impostos como IPI, ICMS, PIS/COFINS e taxas de importação podem quase dobrar o valor final de um smartphone. Além disso, o dólar influencia diretamente nos preços, já que muitos componentes são importados, principalmente em tempos de tarifaço.
Mesmo assim, os valores praticados por algumas marcas surpreendem. Muitos modelos estão com preços muito acima da média esperada para seus segmentos, mesmo considerando a alta tributação.
4 – Falta de produção local
Algumas empresas como a Jovi têm recorrido a fábricas na Zona Franca de Manaus para fazer a montagem de aparelhos, nacionalizar parte da produção e reduzir custos com impostos.
No entanto, mesmo com esse tipo de estratégia, os preços dos smartphones continuam altos.
5 – Ausência do “custo-benefício” competitivo
Um dos pontos que tornou a Xiaomi popular no Brasil foi a proposta de oferecer aparelhos com boa performance por preços acessíveis, mesmo no mercado cinza. Esse equilíbrio costumava ser valorizado pelo consumidor brasileiro.
Hoje, os lançamentos custam tanto quanto (ou mais que) modelos consagrados. A noção de custo-benefício não parece a mesma, por isso, consumidores têm preferido investir em marcas conhecidas que oferecem desempenho comprovado.
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6 – Perfis de público e realidade econômica
Com o salário mínimo brasileiro em torno de R$ 1.500, um celular que custa R$ 4.000 ou mais representa um grande investimento — algo acessível apenas para uma pequena parcela da população.
E, mesmo entre consumidores com maior poder aquisitivo, nem todos veem valor em pagar esse preço por marcas ainda pouco conhecidas no país.
7- Alternativas de mercado mais competitivas
Hoje, o consumidor pode encontrar modelos topo de linha de anos anteriores, como o Galaxy S23 Ultra, Galaxy S24 Ultra ou o Motorola Edge 50 Pro, por valores similares aos intermediários chineses recém-lançados.
Esses aparelhos oferecem processadores mais potentes, câmeras melhores e histórico de atualizações garantido — fatores que pesam na decisão de compra.
Desafio além da tecnologia
A qualidade dos produtos não está em questão — marcas como Honor, Oppo e Jovi (Vivo) são líderes em mercados internacionais. No entanto, a estratégia adotada no Brasil ainda não parece estar alinhada com a realidade econômica local.
Neste contexto é importante que o consumidor esteja atento no que vai comprar para levar algo que valha o valor cobrado.
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