El Capitan: por dentro do supercomputador mais rápido do mundo

Imagine que você tem a melhor configuração possível de PC para um consumidor comum. Ele roda tudo, seja jogos pesados ou aplicações profissionais exigentes. Agora imagine que todo esse poderio não chega a 1% da capacidade de processamento do atual supercomputador mais rápido do mundo: o El Captain da HP.

Instalado na Califórnia, EUA, essa supermáquina é muito, mas muito maior que as nossas casas, mesmo aquelas com bom espaço de quintal, já que mede 700 m². Ele ocupa o topo da lista dos Top 500 oferecendo um desempenho nunca visto antes, e chegou nessa posição em novembro de 2024, superando o Frontier, ex-número 1.

Anatomia de um titã: as especificações do El Captain

O hardware que equipa o El Captain oferece desempenho que foge do convencional. Ele é muito mais forte, inclusive, que data centers, já que é designado para um uso ainda mais complexo, exigindo muita performance. Mas antes de falarmos sobre o motivo pelo qual criam uma máquina como essa, vamos falar do hardware.


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Um supercomputador também tem processador, GPU, memória RAM e drive de armazenamento. A diferença é que esse tipo de máquina usa o que existe de melhor e não só um deles, mas centenas e milhares de cada um desses componentes.

Em termos de CPU, o El Captain conta com nada menos que 1 milhão de núcleos com mais de 43 mil processadores AMD EPYC de 4ª geração, cada um de 24 núcleos. Além disso, outra parte importante são as GPUs. Essa máquina conta com mais de 43 mil AMD Instinct MI300A. Juntando as milhares de CPU e GPUs, são inacreditáveis 11 milhões de núcleos. E se você acha muito os 32 GB de RAM do seu PC, imagine, então, 5 TB de memória RAM! Não confunda com capacidade de armazenamento, que chega a 5 PB (petabyte) no El Capitan.

Tudo isso faz com que o supercomputador mais rápido do mundo entregue cerca de 2 exaflops (um quintilhão de cálculos por segundo) de performance. É como se cada ser humano da Terra ficasse encarregado de fazer um cálculo por segundo, mas o El Captain conseguisse superar todos os cérebros do planeta em muitas vezes.

2. El Capitan vs. PC gamer high-end

Para você ter uma ideia da grandiosidade do El Capitan, vamos fazer Fazendo um paralelo com o melhor PC gamer que se pode ter hoje, equipado com uma NVIDIA GeForce RTX 5090, que entrega 104 TFLOPS.

Comparativo: Supercomputador El Capitan vs. PC Gamer High-End (2025)

Supercomputador El Capitan vs. PC Gamer High-End (2025)
Especificação Supercomputador El Capitan PC gamer high-end (2025)
Poder de Processamento Mais de 1.7 Exaflops Varia, mas na casa dos Teraflops
Analogia de Velocidade Quintilhões de cálculos por segundo Trilhões de cálculos por segundo
Processadores (Núcleos) Mais de 11 milhões de núcleos (CPU + GPU) 8 a 16 núcleos de CPU e até 21 mil em GPU
Placa de Vídeo (GPU) Milhares de APUs AMD Instinct MI300A 1x NVIDIA GeForce RTX 5090
Memória RAM Na casa de Terabytes 32GB a 64GB DDR5
Armazenamento Petabytes de armazenamento ultrarrápido 2TB a 4TB NVMe Gen5 SSD
Consumo de Energia Megawatts (suficiente para uma cidade pequena) 850W a 1200W
Custo Estimado US$ 600 milhões US$ 4.000 a US$ 7.000
Principal Uso Simulações complexas para segurança nuclear, IA, etc. Rodar jogos em 4K com Ray Tracing e alta taxa de quadros

Para que serve tanta potência?

Um PC desse consegue rodar Crysis? Sim, e milhões de cópias ao mesmo tempo, então vamos falar sobre o real motivo de sua existência. O El Captain, e praticamente qualquer supercomputador, foi feito para processar cálculos complexos em áreas ainda mais complexas. Entre elas, no caso do número 1 do mundo, duas se destacam: segurança nuclear e ciência e inovação.

O primeiro deles é de suma importância, principalmente hoje, com o maior uso de energia nuclear e até o desenvolvimento de bombas nucleares. O El Captain foi encomendado pelo Departamento de Energia dos EUA para substituir o Sierra, um outro supercomputador. Ou seja, a principal missão do El Capitan é garantir a segurança e a confiabilidade do arsenal nuclear estadunidense através de simulações 3D complexas, substituindo a necessidade de testes subterrâneos.

O gerenciamento de cabos de um supercomputador precisa ser impecável (Imagem: Data Center Knowledge)

Essa supermáquina também é responsável pelas pesquisas relacionadas às mudanças climáticas, adiantando possíveis cenários futuros caso a situação do mundo não mude hoje, por exemplo. Além disso, o poderoso capitão é usado para treinamento de modelos avançados de IA, desenvolver novos materiais, descobrir novos medicamentos, e mais.

Curiosidades de um colosso

O El Captain é uma máquina impressionante em termos de desempenho, sendo capaz de processar literalmente qualquer coisa em frações de segundos, mesmo as mais pesadas, mas exige um custo para isso, que acaba sendo curioso.

Para funcionar, o supercomputador demanda uma quantidade incrível de energia. Seu consumo de energia estimado é de 30 MegaWatts para funcionar com potência máxima, o suficiente para energizar uma cidade inteira de cerca de 100 mil habitantes (essa é uma conta difícil de ser feita por diferentes fatores).

E com essa alta quantidade de energia consumida, existe muito aquecimento gerado. Para mantê-lo refrigerado, são usados entre 18 a 33 milhões litros d’água por dia.

O El Captain é formado por quase 100 gabinetes, cada um deles consideravelmente maior do que uma geladeira convencional. Todos eles juntos ocupam uma área de cerca de 700 m², fora toda a instalação que o acomoda, que é ainda maior.

Se pegarmos toda potência máxima em desempenho, que é de quase 2 ExaFLOPs, e compararmos com celulares, que hoje chegam a a TFLOPs, seriam necessários 1 milhão de aparelhos. Todos empilhados, formariam uma torre quase da mesma altura do monte Everest, passando de 8 km.

5. Conclusão

O El Captain é um supercomputador que abre portas para um futuro que trará máquinas muito mais poderosas. Embora isso implique em maior consumo de energia e, consequentemente, maior uso de água para refrigeração, o mundo se beneficiará de um poder computacional suficiente para resolver as questões mais complexas em pouco tempo. Pelo menos até a chegada de fato dos computadores quânticos.

Atualmente, existem CPUs e GPUs mais rápidas em relação as que foram usadas no El Captain e isso significa que o próximo grande projeto inventado por um governo ou uma empresa, tem grande potencial de superar o que o El Captain faz com certa folga na margem.

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