O recente aumento das tensões entre o Brasil e os Estados Unidos (EUA) exige uma postura diplomática firme e técnica por parte do governo brasileiro. Essa é a visão do deputado federal Fernando Marangoni (União Brasil-SP), que alerta para os riscos de o país se envolver em discussões políticas ou ideológicas com a maior potência mundial.
Em entrevista, Marangoni enfatizou a importância de o governo do presidente Lula (PT) deixar de lado os interesses políticos e ideológicos neste momento crítico. “A diplomacia sempre foi a marca do Brasil“, afirmou o parlamentar, defendendo a separação entre questões técnicas e políticas nas negociações.
Desequilíbrio entre os poderes
O deputado expressou preocupação com o que considera um desequilíbrio entre os poderes no Brasil, citando como exemplo a decisão do governo de recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para derrubar o veto do Congresso à alta do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Marangoni criticou essa postura, argumentando que houve uma “extrapolação na invasão das competências por parte de poderes”.
No entanto, o parlamentar preferiu não acusar o STF de perseguição ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que enfrenta medidas cautelares determinadas pelo ministro Alexandre de Moraes. A decisão ocorre em meio a uma investigação aberta no STF contra o ex-presidente.
“Sobre a investigação e às medidas contra o ex-presidente Bolsonaro, é muito difícil para a gente falar com relação ao mérito do processo”, observou o parlamentar. “É um processo que está na sua instrução.”
Críticas a Trump e defesa de acordos bilaterais
Marangoni também não poupou críticas à postura de Donald Trump, que aumentou as tarifas para produtos brasileiros. Para o deputado, essa atitude representa uma invasão à soberania do Brasil.
“Manifestar o descontentamento é uma coisa, manifestar o descontentamento e aplicar medidas em relação a isso já é estar invadindo um pouco a soberania do Brasil.”
Como alternativa à dependência de grandes economias, Marangoni defendeu o fortalecimento da política externa brasileira por meio de acordos comerciais bilaterais. “O Brasil precisa abrir os olhos”, alertou o parlamentar. “Precisamos nos tornar menos vulneráveis e mais estratégicos nas nossas relações comerciais. Isso passa por ampliar acordos bilaterais e buscar novos parceiros.”
Em um cenário global cada vez mais complexo e polarizado, a análise de Marangoni serve como um alerta para a necessidade de o Brasil adotar uma postura pragmática e estratégica em suas relações internacionais, buscando sempre o diálogo e a negociação como ferramentas para a defesa de seus interesses.