No último mês de maio, astrônomos anunciaram a descoberta de um planeta 35 vezes mais massivo que a Terra, escondido no sistema estelar conhecido como Kepler-139. Mesmo sendo colossal, o planeta, batizado de Kepler-139f, passou despercebido por anos. Mas como isso foi possível? O principal motivo para o planeta ter ficado oculto por tanto tempo está relacionado aos métodos utilizados na detecção de exoplanetas.
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A missão Kepler, da NASA, foi responsável pela descoberta de milhares de planetas observando a pequena redução no brilho de uma estrela quando um planeta passa em frente a ela. Mas esse método só funciona para planetas que cruzam o campo de visão entre a estrela e a Terra. Planetas com órbitas inclinadas ou que se movem “acima” ou “abaixo” dessa linha de visão permanecem invisíveis. É exatamente o caso de Kepler-139f.
Apesar de Kepler-139f não transitar sua estrela a partir da nossa perspectiva, ele deixou pistas. O sistema Kepler-139 já era conhecido por conter três superterras rochosas e um gigante gasoso. Mas havia algo estranho: os planetas já conhecidos no sistema pareciam estar “adiantando” ou “atrasando” suas passagens em frente à estrela. Essas mudanças nos horários indicavam que havia mais alguma coisa por perto puxando os planetas, algo que não podia ser visto diretamente.
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Para resolver o mistério, os astrônomos usaram outra técnica que mede se a estrela está sendo puxada para frente ou para trás, mesmo que bem de leve. Juntando essas duas pistas, eles conseguiram descobrir o planeta escondido: Kepler-139f, que fica entre o planeta gigante mais distante e os planetas menores mais próximos da estrela.
A descoberta também ajudou a corrigir um erro nas estimativas da densidade de um dos planetas do sistema, o Kepler-139c. Antes, ele parecia ter uma densidade muito alta para seu tamanho. Agora se sabe que parte da influência gravitacional atribuída a ele vinha, na verdade, de Kepler-139f. Com essa correção, os dados fazem mais sentido.
Como o Kepler-139f conseguiu ficar escondido
Mesmo sendo 35 vezes mais massivo que a Terra, aproximadamente duas vezes a massa de Netuno, o Kepler-139f ficou escondido por causa de sua órbita inclinada e posição distante da estrela. Ele tem um período orbital de 355 dias, o que significa que ele dá uma volta completa em torno de sua estrela em um ano. Como esse ciclo é longo, ele gerou poucos dados nos primeiros anos de observação.
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