BBI aposta no modo “Trump sempre amarela” e vê 3 razões de ânimo com ações do Brasil

Donald Trump vai ser efetivo na sua ameaça de tarifar o Brasil em 50% ou será mais um caso em que negociará e se tornará mais ameno com o país?

Para os estrategistas do Bradesco BBI, será a segunda hipótese, levando assim com que eles mantenham uma visão positiva com o Brasil. O BBI aponta três motivos para ânimo – ainda que haja dois riscos no radar.

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Ben Laidler e equipe, estrategistas que assinam o relatório do BBI, apontam esperar que Trump seja fiel à sua forma de atuação recente e que o “latido tarifário” seja maior do que a “mordida” efetivamente – um padrão que o mercado batizou com a sigla TACO (“Trump Always Chickens Out”, ou “Trump Sempre Amarela”, expressão para denominar o vaivém nas tarifas anunciadas por ele). “Este é o nosso cenário base”, apontam.

No entanto, há temores no mercado de que o governo dos EUA esteja mais encorajado, com o Brasil tendo as tarifas mais altas na última rodada. Para eles, uma sigla no estilo brasileiro para isso poderia ser ACAI (Confronto agressivo realmente implementado).

No entanto, as lições aprendidas com as tarifas do Dia da Libertação de 2 de abril indicam que os maiores “perdedores” tarifários nos mercados de ações emergentes perderam rapidamente 12% de desempenho antes de, posteriormente, subirem 24%, à medida que os temores de implementação das tarifas diminuíram.

“Esperamos que isso se repita e somos compradores em caso de fraqueza significativa”, avaliam.

Assim, o cenário base é que as tarifas sejam finalizadas significativamente abaixo de 50% e a isenção tarifária de exportação de petróleo permaneça em vigor.

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Mas, de qualquer forma, o impacto sobre as ações provavelmente será limitado por essas três razões: 1) o Brasil é uma economia fechada, com uma baixa relação exportações/PIB e 11% dessas exportações indo para os EUA; 2) o ciclo econômico brasileiro é globalmente atípico e se beneficiaria de qualquer desaceleração modesta e da ancoragem das expectativas de inflação de longo prazo e 3) o Brasil é o principal mercado de ações mais barato do mundo e o real está subvalorizado, sendo que conta com um dos maiores carrys (carregamento) do mundo.

Por outro lado, as preocupações do mercado são que: 1) os fluxos de entrada de investidores estrangeiros, que são os compradores marginais, possam estagnar após 11 semanas consecutivas de entrada, em um momento em que os investidores locais continuam a ter saídas e 2) ainda não se sabe se haverá uma reação nas pesquisas eleitorais semelhante à observada recentemente no Canadá e na Austrália, embora com muito mais caminho a percorrer até as eleições no caso do Brasil (que ocorrerão só em outubro de 2026).

Assim, os estrategistas seguem com exposição overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra) em ações brasileiras, vendo principalmente como uma “história de autoajuda doméstica”, com dois grandes catalisadores positivos no segundo semestre sobre o ciclo da taxa de juros e a atenção ao novo ciclo eleitoral.

“Estamos focados em ações sensíveis à taxa de juros, proxies do mercado de capitais, empresas estatais e ações que recentemente não acompanharam o rali das ações”, que podem se defender em qualquer liquidação técnica aqui.

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