O cantor Nattan se viu no centro de uma controvérsia após um episódio ocorrido durante sua apresentação em Recife, no último sábado (2). Durante o show, o artista promoveu uma cena que foi amplamente criticada por internautas e organizações voltadas aos direitos das pessoas com deficiência, especialmente da comunidade com nanismo.
A polêmica começou quando Nattan convidou uma mulher com nanismo ao palco, posicionando-a sobre um caixote e oferecendo R$ 1 mil para que um fã a beijasse. A cena, filmada e divulgada nas redes sociais, gerou forte indignação por ser considerada constrangedora e desrespeitosa. A ação foi vista por muitos como um ato que expôs a participante ao ridículo, transformando uma condição física em entretenimento.
A Associação Nanismo Brasil (Annabra) se pronunciou de forma contundente, classificando o episódio como ofensivo e discriminatório. Em nota oficial, a entidade afirmou que a exposição pública da mulher “fere não apenas a vítima direta, mas toda a comunidade que representa”. A organização também anunciou que estuda medidas judiciais contra o artista, buscando responsabilização pelo ocorrido.
Nattan novamente alvo de polêmicas
Nas redes sociais, o caso ganhou grande repercussão. A legenda original da publicação feita por Nattan “BEBÊ REBORN saliente da gota” foi posteriormente alterada, mas a troca não amenizou as críticas. O cinegrafista da equipe do cantor, que também participou da cena, chegou a celebrar o momento em suas redes, o que aumentou a indignação do público.
Frente à reação negativa, Nattan tentou se justificar, alegando que a dinâmica do beijo com premiação é algo recorrente em seus shows. “Dou mil reais para cada um, não é só para um lado. E quem sobe no palco, beija se quiser”, afirmou. Em outro momento, tentou amenizar a situação dizendo que “os anões podem colar comigo que aqui é só benéfico”.
As declarações, no entanto, foram interpretadas como insensíveis por parte do público e especialistas em inclusão. Críticos apontaram que a fala do artista evidencia uma falta de preparo para lidar com a diversidade e reforça o tratamento das pessoas com deficiência como atração ou espetáculo.
O caso reacendeu um debate importante sobre o respeito à dignidade de todas as pessoas, independentemente de sua condição física. A Annabra reforçou a necessidade de promover um ambiente cultural mais inclusivo, que não reproduza estigmas nem utilize características pessoais como recursos de humor ou surpresa.
O episódio envolvendo Nattan mostra como ainda há um longo caminho a ser percorrido em relação à conscientização e ao respeito nos ambientes públicos. A expectativa é de que a situação provoque não apenas uma resposta jurídica, mas também uma reflexão mais ampla por parte de artistas, produtores de eventos e o público sobre o tipo de entretenimento que estamos dispostos a aplaudir.