Legacy derruba projeção de inflação e vê espaço para corte na Selic ainda em 2025

A Legacy Capital reduziu significativamente sua projeção para a inflação brasileira em 2025, de 6,2% para 4,6%, e para 2026, de 5,6% para 4,2%. A gestora aponta que a apreciação cambial e a queda dos preços de commodities explicam cerca de 75% da revisão para este ano, enquanto a redução prevista para 2026 é dividida entre menor inércia inflacionária, desaceleração de serviços e efeitos do câmbio e commodities.

Em carta mensal, a gestora defende que a inflação já se enquadra na banda de tolerância da meta, resultado que a casa considera “positivo e, em alguma medida, surpreendente”.

O cenário de desaceleração da atividade econômica, com varejo, indústria e serviços mostrando moderação e inadimplência em alta, aliado à queda mais rápida da inflação, abre, na avaliação da Legacy, espaço para que o Banco Central inicie um ciclo de cortes já na última reunião de 2025.

A avaliação da autoridade monetária é mais cautelosa. Na semana passada, o Copom decidiu interromper o ciclo de alta de juros e manteve a Selic em 15% ao ano, patamar considerado “significativamente contracionista” pelo próprio BC. Na ata divulgada nesta terça-feira (5), o colegiado destacou que o cenário se tornou mais incerto e adverso após o anúncio dos EUA da tarifa de 50% sobre o Brasil, e reforçou que a taxa de juros deve permanecer elevada por um período prolongado. No entanto, indicou que a decisão futura dependerá da evolução da atividade e do comportamento da inflação.

No cenário externo, a Legacy observou que a revisão dos dados do mercado de trabalho nos EUA, com forte desaceleração na criação de vagas, aumentou a probabilidade de cortes de juros mais rápidos pelo Federal Reserve, estimados pela gestora em 100 pontos-base ou mais ainda este ano. Leitura que converge com a projeção do Goldman Sachs, que prevê três reduções consecutivas de 25 pontos-base, em setembro, outubro e dezembro, diante de sinais de enfraquecimento econômico e do mercado de trabalho.

De acordo com a Legacy, o momento favorece as posições aplicadas (que se beneficiam da queda) em juros reais e nominais brasileiros mantidas pela casa, ao mesmo tempo em que pressiona o dólar e reforça expectativas de um ambiente monetário global mais frouxo em 2026.

A gestora, porém, destacou que a tensão comercial entre Brasil e EUA segue como fonte de incerteza, apesar de alívio parcial após a exclusão de produtos relevantes da pauta exportadora brasileira das novas tarifas americanas. A carta foi publicada antes da determinação de prisão domiciliar para o ex-presidente Jair Bolsonaro, encarada por analistas como um possível fator de elevação de tensões na negociação sobre as tarifas.

Em julho, o principal fundo da Legacy entregou rendimento de 0,17%, alcançando 8,08% no ano e 11,52% em 12 meses, impulsionado pelo resultado das carteiras de bolsa, descontado de perdas em posições vendidas em dólar e aplicadas em juros.

infomoney.com.br/">InfoMoney.