A missão Crew-11 da NASA, lançada pelo foguete Falcon 9 da SpaceX e transportada pela cápsula Crew Dragon, atracou na Estação Espacial Internacional (ISS) neste sábado (2) levando consigo bactérias causadoras de doenças para o espaço. A mesma expedição também transportou sementes que serão objeto de estudos de pesquisadores brasileiros.
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A iniciativa faz parte de uma pesquisa conduzida por cientistas do Centro Médico Sheba, em Israel, em parceria com a SpaceTango, empresa dos Estados Unidos especializada em tecnologia espacial.
O objetivo é analisar como a microgravidade afeta o crescimento de determinadas bactérias patogênicas — ou seja, que causam doenças em seres humanos. Os micro-organismos enviados à ISS foram: Escherichia coli (E. coli), Salmonella bongori e Salmonella typhimurium.
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Essas bactérias serão cultivadas em ambiente de microgravidade, posteriormente congeladas a cerca de -80 °C e, então, trazidas de volta à Terra. Os cientistas vão comparar o desenvolvimento dos micro-organismos no espaço com o observado em condições terrestres.
“Para compreender os limites da medicina, às vezes precisamos ir além dos limites da Terra”, afirmou em comunicado Eyal Zimlichman, diretor de Transformação e Inovação e diretor médico do Sheba.
Impactos para pacientes na Terra
Os cientistas do Sheba destacam que, embora o experimento ocorra na ISS, seus resultados podem impactar diretamente pacientes na Terra — especialmente aqueles que enfrentam infecções crônicas ou causadas por bactérias multirresistentes.
Isso porque compreender como certos micro-organismos se comportam em condições extremas, como as do espaço, pode ajudar a medicina a desenvolver tratamentos mais eficazes e personalizados.
Um experimento anterior, também conduzido pelo Sheba na ISS, já demonstrou que bactérias perdem a capacidade de adquirir resistência a antibióticos por meio da transferência de DNA quando expostas à microgravidade.
Agora, os pesquisadores esperam demonstrar de forma mais aprofundada como a ausência de gravidade influencia alterações genéticas nas bactérias, sobretudo em relação a características ligadas à resistência a medicamentos.
“Os insights que obteremos ampliarão nossa compreensão sobre os riscos de doenças infecciosas em viagens espaciais e também nosso conhecimento sobre regulação gênica e fisiologia bacteriana em geral”, ressalta Ohad Gal-Mor, chefe do Laboratório de Pesquisa de Doenças Infecciosas do Sheba.
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