Tarcísio, Zema, Caiado e Ratinho Jr. se ausentam de ato pró-Bolsonaro e contra STF

Os principais governadores cotados para disputar a Presidência da República em 2026 não estarão presentes nas manifestações convocadas por aliados de Jair Bolsonaro (PL) em diversas cidades do país, no próximo domingo (3).

Tarcísio de Freitas (Republicanos), Romeu Zema (Novo), Ronaldo Caiado (União Brasil) e Ratinho Júnior (PSD) decidiram não aderir aos atos que miram o Supremo Tribunal Federal (STF) e buscam pressionar contra as medidas impostas ao ex-presidente.

O movimento de afastamento ocorre num momento em que o bolsonarismo testa sua capacidade de mobilização popular em meio ao avanço do julgamento sobre a tentativa de golpe de 2022, ao desgaste judicial de Bolsonaro e à crise diplomática com os Estados Unidos, deflagrada após o tarifaço de 50% imposto por Donald Trump sobre produtos brasileiros.

As manifestações também têm como pano de fundo a reação à decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, que determinou a aplicação de tornozeleira eletrônica e outras medidas restritivas contra o ex-presidente, considerado sob risco de fuga.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, justificou a ausência por conta de um procedimento médico que ocorrerá no domingo. Já o goiano Ronaldo Caiado, que já se colocou como pré-candidato ao Planalto, afirmou ao jornal O Globo que discorda do “timing” das manifestações.

“De maneira nenhuma é o melhor momento para manifestações. Acho que esse momento é de ação direta na interlocução com o governo americano”, afirmou Caiado. “Minha preocupação agora é construir diálogo para não deixar com que meu estado seja penalizado.”

Caiado também declarou ser “100% contra o tarifaço”, mas evitou críticas diretas ao STF ou ao ministro Alexandre de Moraes, sugerindo uma estratégia de moderação diante da crise.

O paranaense Ratinho Júnior, segundo sua assessoria, estará em viagem pelo interior do estado. Já Romeu Zema, de Minas Gerais, também não pretende comparecer, conforme apuração do O Globo.

Atos anteriores e nova conjuntura

Em abril deste ano, os quatro governadores haviam participado de um ato ao lado de Bolsonaro na avenida Paulista, num movimento que demonstrava coesão do campo bolsonarista. O contexto, no entanto, era outro: as tarifas americanas ainda não haviam sido impostas e o processo judicial contra Bolsonaro não havia avançado ao ponto atual, com a perspectiva concreta de julgamento ainda em 2025.

Desta vez, o ambiente é marcado pela reação do STF contra as articulações de Eduardo Bolsonaro nos EUA, que, segundo ministros da Corte, teria atuado para agravar as sanções contra Moraes. A conduta foi classificada como “traição à pátria” por Alexandre de Moraes e como “ato de lesa-pátria” por Gilmar Mendes.

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