Bradesco tem novo tri sólido, mostra rumo certo e ação sobe; mas ritmo continuará?

Bradesco

O Bradesco (BBDC4) foi o segundo “bancão” a divulgar os resultados do segundo trimestre de 2025, com lucro líquido recorrente de R$ 6,1 bilhões no segundo trimestre deste ano, resultado 28,6% maior que o do mesmo período do ano anterior, e 3,5% superior ao do primeiro trimestre. O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) foi de 14,6%, alta de 3,2 pontos porcentuais em um ano, e de 0,2% em um trimestre.

A reação inicial da ação do banco é positiva, com os papéis BBDC4 avançando 1,09%, a R$ 15,83, às 10h25 (horário de Brasília) desta quinta-feira (31).

Davi Malveira, analista da Perfin Equities, aponta que este foi o quarto trimestre consecutivo que o banco conseguiu expandir ROE. Assim, segue na direção de conseguir bater o seu custo de capital em 2026. “Apesar desse ótimo resultado, incluindo aumento de projeção da receita de seguros e serviços, não deve gerar grandes revisões de estimativas de lucro do mercado, como aconteceu no resultado do 1T25”, aponta.

O analista ainda ressalta que o índice de eficiência (métrica que aponta quanto custa para um banco gerar receita e que, quando menor, melhor) segue caindo a cada trimestre, dessa vez puxado pela boa receita.

“A dinâmica da carteira de crédito segue positiva, com excelente margem de juros líquida (NIM), bom crescimento de volume e inadimplência controlada, em todos os estágios, a despeito do cenário macro mais desafiador com juros mais elevado.

Já Seguros, que representa perto de 40% do lucro do Bradesco, segue bem, com lucro crescendo pouco acima do consolidado e com rentabilidade superior.

Já a parte negativa do resultado foi decorrente de margem com mercado, que segue aquém do potencial do banco, assim como aconteceu no resultado de Santander Brasil (SANB11) do 2T25, avalia Malveira.

A XP Investimentos destaca que o Bradesco reportou resultados sólidos no 2T25, ligeiramente acima das expectativas e uma rentabilidade acima da expectativa dos 13,8% esperados pela XP.

O principal destaque, na visão dos analistas, foi a receita líquida de juros (NII) de clientes, que atingiu R$ 17,8 bilhões (+5,9% trimestre a trimestre; +16,4% anualmente), impulsionado pelo crescimento da carteira de crédito, melhora no mix e captação mais eficiente.

As receitas de tarifas e seguros também surpreenderam positivamente, levando o banco a revisar seu guidance para cima para ambas as linhas. O Bradesco agora prevê um crescimento da receita de serviços entre 5% e 9%, superior à projeção anterior de 4% a 8%. O resultado das operações de seguros, previdência e capitalização, por sua vez, deve subir 9% a 13%, versus 6% a 10% anteriormente.

Já a inadimplência acima de 90 dias ficou estável em 4,1%, enquanto as provisões expandidas totalizaram R$ 8,1 bilhões (versus R$ 7,8 bilhões esperado pela XP), elevando o custo do crédito para 3,2% (ante 3,0% no 1T25) — movimento esperado diante da retomada do crédito para o segmento massificado.

Assim, aponta, o banco está avançando de forma coordenada em seu plano de recuperação, com margens ajustadas ao risco ganhando tração e a rentabilidade se consolidando.

“Após os sinais do primeiro semestre de 2025 (1S25), está claro que o Bradesco está no caminho certo. A questão que permanece, no entanto, é se o banco conseguirá manter esse ritmo em um cenário macroeconômico desafiador”, avaliam os analistas da XP Bernardo Guttmann e Matheus Guimarães, que assinam o relatório.

Apesar do momentum positivo recente — especialmente nos últimos dois trimestres — eles reafirma recomendação neutra, pois acreditam que o caminho da recuperação dificilmente será linear e ainda requer cautela.

Otimismo persistirá?

O Itaú BBA, por sua vez, reiterou recomendação outperform (desempenho acima da média, equivalente à compra) para os ativos.

Para os analistas do banco, embora os números principais tenham correspondido às expectativas, a composição foi sólida e a projeção para o ano fiscal de 2025 foi revisada para cima. A carteira de crédito expandida cresceu 1% em relação ao trimestre anterior ou 12% em relação ao ano anterior, liderada pela carteira de varejo (+2% em relação ao trimestre anterior). O banco também aponta que o NII de clientes foi um destaque, com aumento de 6% em relação ao trimestre anterior, impulsionado por melhores spreads e mix, o que foi um ponto-chave de atenção.

As despesas com provisão aumentaram mais rapidamente (6% em relação ao trimestre anterior) do que a carteira de crédito, com indicadores de qualidade de crédito estáveis.

As receitas de serviços foram uma surpresa positiva, com alta de 6% em relação ao trimestre anterior, impulsionadas por cartões, gestão de ativos e mercado de capitais.

As despesas com vendas, gerais e administrativas (SG&A) foram o único porém do trimestre, na visão do BBA, com alta de 6% em relação ao trimestre anterior e 10% em relação ao ano anterior, com pressões sobre áreas administrativas e outras.

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Os resultados de seguros avançaram 7% em relação ao trimestre anterior e 23% em relação ao ano anterior, principalmente em saúde, devido a melhores resultados financeiros e operacionais.

“No geral, foi um trimestre sólido; a recuperação está no caminho certo. A revisão para cima da projeção para receitas de serviços e seguros implica um aumento de aproximadamente +3% nas estimativas de lucro para o ano fiscal de 2025. O forte ritmo do NIM cria impulso para o segundo semestre de 2025 e 2026”, conclui o banco.

A Genial Investimentos também reforçou recomendação de compra após o balanço ao apontar que, em meio ao processo de reestruturação, o Bradesco apresentou mais um trimestre de evolução sequencial do lucro, além da revisão do guidance para cima.

“O valuation do Bradesco permanece atrativo, negociando a 6,8 vezes [x] o preço sobre lucro [P/L] esperado para 2025, 5,7x P/L 2026 e 0,9x P/VP [preço sobre valor patrimonial] para 2025, além de dividend yield [dividendo sobre preço da ação] estimado de 5,9% para o ano. Reiteramos nossa recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 19,30, implicando upside potencial de 23,6% frente ao último fechamento”, reforça a casa de análise.

O Morgan Stanley também tem visão positiva para os ativos e ressaltou que o Bradesco apresentou resultados expressivos, com o retorno sobre o patrimônio líquido aumentando quase 3 pontos percentuais em relação ao mesmo período do ano anterior.

Já a maioria dos indicadores apresentou tendências positivas, marcando o quarto trimestre consecutivo em que o Bradesco superou as expectativas do mercado — uma notável reviravolta após decepções anteriores, avalia o Morgan.

Os destaques incluíram o robusto crescimento do crédito, a forte receita financeira, a expansão das receitas de tarifas e o excelente controle de custos.

“Após esses fortes resultados do segundo trimestre, não nos surpreendemos com o aumento da projeção anual do Bradesco, com o ponto médio da projeção implicando em um lucro líquido de R$ 23,2 bilhões, acima dos R$ 22,2 bilhões anteriores. Continuamos confiantes de que o lucro líquido do Bradesco ficará mais próximo do limite superior da projeção de R$ 26,9 bilhões do que do novo limite superior”, avaliou, destacando projeção de reação positiva em função dos fortes resultados e da perspectiva melhorada para 2025.

De acordo com compilado da LSEG com 12 casas de análise que cobrem BBDC4, 7 possuem recomendação de compra, 4 de manutenção e 1 de venda, com preço-alvo médio de R$ 17,36, o que corresponde a um potencial de valorização de 11% frente o último fechamento.

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