Mais uma etapa | Pílula anticoncepcional masculina passa em testes de segurança

A busca pela pílula anticoncepcional masculina tem sido longa e desafiadora. Agora, um novo passo promissor foi dado: uma pílula anticoncepcional masculina experimental passou com sucesso pelos primeiros testes de segurança em humanos. No último dia 22, o medicamento YCT-529 passou no primeiro teste de segurança em humanos. Os resultados publicados na revista Communications Medicine são um primeiro passo crucial para a aprovação.

Durante décadas, os métodos contraceptivos disponíveis para homens se resumiram ao uso de preservativos e à vasectomia. Embora a vasectomia possa ser revertida, a taxa de sucesso dessa reversão é variável, o que limita sua confiabilidade para quem deseja fertilidade futura. Por isso, cientistas têm buscado alternativas que sejam eficazes, reversíveis e seguras.

A YCT-529 é uma inovação nesse cenário, por se tratar de um contraceptivo oral, não hormonal, voltado exclusivamente ao público masculino. Diferente das pílulas femininas, que atuam sobre hormônios reprodutivos, essa nova droga atua diretamente no processo de produção de espermatozoides.


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Como funciona a pílula anticoncepcional masculina

O composto age bloqueando uma proteína essencial chamada receptor alfa do ácido retinoico (RAR-α), envolvida na formação e maturação dos espermatozoides. Essa proteína normalmente é ativada por um metabólito da vitamina A. Ao impedir essa interação, a YCT-529 interrompe a cadeia biológica que culmina na produção de esperma.

Nos testes pré-clínicos, feitos com camundongos e primatas, o medicamento mostrou resultados animadores. Em camundongos, a infertilidade foi alcançada em quatro semanas, com eficácia de 99% na prevenção da gravidez. Importante: a fertilidade foi completamente restaurada semanas após a interrupção do tratamento.

Pílula anticoncepcional masculina passa em testes de segurança (Imagem: Reproductive Health Supplies Coalition/Unsplash)

Testes em humanos e próximos passos

O primeiro ensaio clínico com humanos foi conduzido com 16 homens entre 32 e 59 anos, todos previamente vasectomizados. Isso foi feito como precaução para evitar riscos permanentes à fertilidade. Os participantes receberam diferentes doses da pílula ou placebo, com variações no jejum e alimentação para entender a absorção do medicamento.

Nenhum efeito colateral grave foi observado, e os níveis da substância no corpo foram considerados adequados para uma futura formulação diária. A dose ideal deve se aproximar dos 180 miligramas testados, e a expectativa é de que o uso seja diário, semelhante à pílula feminina.

Agora, uma nova fase de testes está em andamento, com duração de 28 e 90 dias, para avaliar os efeitos da pílula anticoncepcional masculina sobre a contagem e a qualidade do esperma, além de continuar monitorando possíveis efeitos adversos.

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