O dilema sobre a censura contra jogos de conteúdo adulto ganhou dois novos alvos: Visa e Mastercard, as grandes operadoras globais de cartão de crédito. De acordo com os jogadores nas redes sociais, eles são os responsáveis pela remoção desse tipo de game em plataformas como Steam e itch.io.
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Uma grande mobilização começou nesta terça-feira (29) em redes como o reddit e o BlueSky para que os jogadores lotem os telefones e caixa de e-mail de ambas — tornando a causa popular demais para ser ignorada. No entanto, não há garantia alguma de que o movimento causará algum impacto.
A motivação para ir para cima da Visa e Mastercard partiu das declarações da Valve, revelando que removeu a opção de comprar jogos com conteúdo adulto por temer que processadores de pagamento maiores (como as duas) removam o suporte à plataforma. Isso, teoricamente, impedirá muitos jogadores de comprarem os jogos do marketplace.
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Ainda que a ação seja válida, é importante lembrar que os atendentes da Visa e da Mastercard pouco podem fazer sobre o caso. No call center, por exemplo, não há opções para que voltem a dar suporte à aquisição de jogos adultos nas plataformas gaming (mas sim de fraude em pagamentos, perda de cartão de crédito entre outras).
Apesar de já saberem disso, os jogadores querem causar outro tipo de impacto com essa ação: o objetivo é provocar um grande estresse nas redes telefônicas e digitais, o suficiente para gerar prejuízo às grandes companhias. No Reddit, um usuário explica a ideia:
“Emails podem ser ignorados, mas uma longuíssima fila torna a situação basicamente impossível para que seus clientes consigam contato, o que também ajudará bastante”, afirma um dos jogadores.
Resposta da Visa no e-mail
Enquanto muitos seguem via telefone, uma parcela do público tenta convencer operadoras como Visa e Mastercard através das mensagens eletrônicas. E, de acordo com uma delas na resposta, o problema não é bem a operação de crédito:
“Como uma empresa global, nós seguimos as leis e regulamentos em tudo que fazemos em nosso negócio. Enquanto proibimos explicitamente atividades ilegais em nossa rede, estamos igualmente comprometidos a proteger o comércio legal. Se uma transação é legal, nossa política é processar este pagamento. Não fazemos julgamentos morais em compras legais feitas pelos consumidores”, afirma a Visa no e-mail.
Eles também afirmam que dão todo o suporte para as plataformas e companhias manterem os seus negócios, sem restrições em relação ao conteúdo — contanto que ele esteja dentro das leis.
“A Visa não modera o conteúdo vendido pelo mercado, inclusive não temos visibilidade sobre itens específicos ou serviços vendidos enquanto processamos a transação. Quando uma empresa operando legalmente encara um grande risco de atividade ilegal, nós exigimos uma segurança aprimorada aos bancos para dar suporte ao mercado”, revela a companhia.
A estratégia dos jogadores
Uma organização chamada Collective Shout já vem acionando o Steam, Visa e Mastercard há algum tempo por outras razões. De acordo com eles, foi tentado entrar em contato sobre a presença de jogos que contam com violência não-consensual contra mulheres, mas não obtiveram retorno.
O caminho foi encontrado porque a Valve não os respondeu de forma alguma, o que levou o grupo a ensinar os outros como acionar as operadoras de cartão para resolver questões como essa.
“Nós levantamos objeções sobre jogos com estupro e incesto no Steam por meses e eles nos ignoraram por meses. Nós então abordamos os processadores de pagamento porque o Steam não nos respondeu”, afirma a Collective Shout nas redes sociais.
Enquanto isso, outros relembram aos jogadores que estão abrindo chamados e reclamações que geralmente se lida diretamente com profissionais que não tem poder de mudança e que merecem cordialidade — afinal de contas, se considera o alto fluxo de consumidores insatisfeitos que atendem todos os dias a troco de um pagamento que, no geral, é baixo.
Se isto mudará ou não a posição da Visa, Mastercard, Steam, itch.io e outros grandes envolvidos na remoção dos jogos adultos é incerto. Porém, a união dos jogadores por um “bem comum” impressiona e mostra que há forças ainda na comunidade que são usadas para fins que não são a infame guerra dos consoles e culturais.
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