Sem negociação, tarifaço de 50% é “melhor cenário” para o Brasil, dizem economistas

O deadline colocado por Donald Trump para a imposição de tarifas de 50% sobre todos os produtos que o Brasil exporta para os Estados Unidos é 1º de agosto. Com esse prazo curto trazendo enorme preocupação para o governo e os setores produtivos, qual o cenário esperado por importantes economistas que participaram de debates na Expert XP 2025? Embora vejam um impacto até reduzido em termos de atividade, ele destacam que há um risco de o país ficar isolado em termos geopolíticos.

Para Solange Srour, head de macroeconomia para o Brasil no UBS Global Wealthy Management, o “melhor cenário” para o Brasil é Trump manter a sanção em 50%, uma vez que recuar é difícil. “A negociação está impedida. Tem um panorama mais geopolítico do que de política nacional. O Brasil está mal posicionado num mundo em que a geopolítica está diferente”, disse.

Ela alertou durante a learning session que debatia a política fiscal que esse mundo mais complicado veio para ficar e vai continuar assim. “O Brasil tinha tudo para ser neutro. Pode ter uma outra exceção para os setores com alguma influência no governo Trump. Vejo um risco maior de ir para um cenário mais negativo, de retaliação [pelo Brasil], mesmo que não tarifária”, alertou

Ela disse ainda que o Brasil é um país com economia mais fechada e pequeno o suficiente para que essas tarifas não tenham maior impacto sobre a economia, mas que é grande o suficiente para servir de exemplo pelos Estados Unidos do que não pode ser feito em termos geopolíticos. Por outro lado, uma piora econômica por conta desse isolamento pode atrapalhar no cenário de câmbio tranquilo e na expectativa de o BC reduzir os juros. E pode antecipar o debate eleitoral, trazendo mais volatilidade.

Pedro Jobim, economista e sócio fundador da Legacy Capital, concorda com Solange que o “best case” para o Brasil é as tarifas ficarem nesses 50%. Ele destacou que os EUA não colocaram as tarifas por alguma questão econômica ou comercial. Mas devido à visão de que o Brasil não vive uma situação institucional normal.

“Se isso não for endereçado, vai ser difícil. Esse governo não tem interação nenhuma com o governo americano. É um canal difícil de ativar de uma hora para outra. O Brasil não entendeu o perigo no curto prazo. O risco é todo na direção de  Riso é todo na direção de um ‘outcomb’ [resultado] para uma restrição pior””, disse.

Carlos Woelz, da Kapitalo Investimentos, também vê um impacto mais importante na questão política do que na econômica. “Provavelmente vão ter caráter temporário [o patamar de 50%], mas permanente no que sentido que vai ficar algo”, comentou, durante a learning session sobre inflação e juros.

Para Rodrigo Azevedo, sócio da Ibiúna Investimentos, a natureza da questão entre os Estados Unidos e o Brasil não é mesma, por exemplo, do Japão, que é essencialmente econômica. “Os termos que foram colocados são políticos, e  bem menos óbvios. O impacto macroeconômico é pequeno – a gente exporta   importa pouco -, mas impacto político pode ser relevante”, comentou.

Para ele, essa crise terá impacto prêmios de risco e trazer muita volatilidade. Para os investidores, Azevedo recomentou um portfólio conservador, aproveitando que os juros vão ficar parados muito tempo.

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