Mercado dificilmente vai operar mais que 60% a 40% para Tarcísio, diz Stuhlberger

O renomado gestor Luis Stuhlberger, fundador da Verde Asset, afirmou nesta sexta-feira (25), durante painel na Expert XP, que o mercado financeiro deverá manter uma postura de cautela até as eleições de 2026. “Dificilmente o mercado vai operar eleição brasileira com 75% para um lado”, disse.

Segundo ele, embora as pesquisas indiquem chance para Tarcísio de Freitas, agentes não devem precificar uma vitória da oposição como certa, e que a disputa será acirrada. “A gente vai entrar na eleição dificilmente com o mercado precificando mais do que 60% a 40% para o Tarcísio”, avaliou. “É difícil você imaginar que o mercado vai operar a eleição brasileira num nível desse.”

Stuhlberger também destacou o impacto da política externa nas eleições brasileiras, sobretudo diante da postura do presidente americano, Donald Trump, que ameaça impor tarifa de 50% sobre o Brasil. “O Trump vai fazer acordo com o mundo inteiro. Se fizer acordo com tarifa de 15%, e o Brasil ficar com tarifa de 50%, de quem é que vai ser a culpa? Do Lula, né? Isso é óbvio. Isso é zero de dúvida”, disse.

O gestor prevê que, mesmo que o impacto direto seja pequeno, a questão ganhará espaço na campanha e na opinião pública. “Vai ser assunto de jornal. As empresas que quebram, você vai ter que demitir, calote em banco, pode ter greve no agro, incentivar greve de caminhoneiro… tudo isso cai no colo do governo”, afirmou.

Para Felipe Guerra e João Landau, respectivamente socios-fundadores e CIOs de Legacy e Vista Capital, o cenário é otimista para mudança de governo no ano que vem – mas, assim como pontuou Stuhlberger, não sem riscos. “A gente está otimista por acreditar que vai haver alternância de poder. Se acreditarmos que não vai ter, o cenário é extremamente negativo”, afirmou Guerra.

Landau pontuou que o país caminha para uma decisão binária entre ajuste fiscal ou dominância inflacionária. “Você vai ter que crescer uma enormidade para controlar a dívida, e não vai crescer. Então ou faz um ajuste fiscal forte com o Tarcísio ou vai para uma nominalização da dívida como a Argentina [no passado]”, disse.

Posições

O consenso entre os três gestores é que, apesar da incerteza política, o mercado oferece oportunidades relevantes para investidores atentos e com foco no longo prazo, mas é preciso fazer o dever de casa com hedge (proteção).

“O que eu aconselho é fazer opção. Comprar opção de WZ, de dólar-real. O prêmio que tem para ser ganho é muito grande. Compensa a volatilidade que você paga”, explicou Stuhlberger.

Atualmente, a Verde Asset mantém posições em câmbio, juros reais longos e uma pequena exposição em Bolsa, à espera de oportunidades mais claras. “Temos posição em câmbio, posição em juro real longo, não no curto, e uma pequena posição de Bolsa, meio que esperando um estresse maior para entrar”, disse.

Já Felipe Guerra destacou o potencial de cortes de juros como impulsionador de ativos de risco: “Na hora que começarem a cortar, não vai ter essa história de 25 p.p. em 25 p.p.. Acho que podem cortar bem rápido. Isso acaba sendo bom para ações na Bolsa que estiverem bem posicionadas.”

Landau, por sua vez, reforçou a preferência por ativos reais como forma de proteção diante de qualquer cenário. “O melhor ativo do Brasil é o juro real. O pior é o CDI, porque você tem risco com o Tarcísio e perde da inflação com o Lula”, disse.

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