Itaú Asset: Isenção por um fio derrubou spreads, mas crédito privado segue atrativo

Investir em crédito privado em um ambiente de Selic alta e possível fim dos isentos após a elevação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) traz desafios para investidores e gestores, exigindo maior cautela e critério para formar portfólio. Ainda assim, esses investimentos seguem sendo atrativos para quem faz gestão ativa em busca de bons retornos.

Fayga Czerniakowski Delbem, superintendente e head da mesa de crédito core da Itaú Asset, afirma que o cenário é desafiador, mas traz oportunidades. “Ainda vemos valor nessa classe de ativos para se posicionar”, afirmou nesta sexta-feira (25) durante painel na Expert XP 2025.

A Medida Provisória que prevê a aplicação de 5% de IR sobre rendimentos de ativos atualmente isentos ainda está parada no Congresso, mas sua mera tramitação já afeta preços dos ativos. Com investidores aumentando alocações, spreads vêm reagindo com quedas a ponto de algumas emissões virem “carecas”, ou seja, sem diferencial de remuneração na comparação com o título público equivalente.

Neste cenário, segundo a gestora do Itaú Asset, o ideal é recorrer a fundos de investimentos para navegar nessa classe, com gestão ativa que identifique o que tem valor e o que está caro. “O ambiente de spread menor exige cautela e critério do gestor para formar um portfolio que segue atrativo, apesar dos movimentos recentes”, afirma Delbem.

Corrida por isentos

Como as novas regras que vão taxar estes investimentos podem começar a valer a partir do ano que vem, mas preservando emissões feitas até o fim de 2025, este segundo semestre será uma grande oportunidade de montar carteira com opções ainda isentas, analisa Daniela Gamboa, head de crédito privado da SulAmérica, que participou do mesmo painel.

“As debêntures seguem interessantes, e os investidores estão atrás desses ativos. Teremos um segundo semestre de muita oferta, e as companhias que puderem vir a mercado poderão aproveitar o interesse do investidor”, analisa.

Alexandre Müller, da JGP (Foto: Paulo Baretas/Expert XP)

Alexandre Müller, sócio e gestor responsável pelos fundos de crédito privado da JGP, ressaltou na mesma discussão que o crédito privado mais atrativo no momento é aquele indexado ao CDI. Mas, diante dos spreads mais baixos e da preocupação com o prêmio de risco adequado, defende mais uma vez a importância de dar preferência pela gestão ativa. “A gestão do crédito passa por fazer grande parte do fundo mais segura, e por ter algumas apostas”, explica.

Na sua visão, empresas com balanços alavancados, de setores sob risco ou com problemas de governança devem ser evitadas neste cenário. “Devemos procurar um controle colateral com investimentos que trazem segurança e apostas pontuais”, diz.

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