Nome polêmico na astronomia sugere que visitante interestelar é sonda alienígena

Astrônomos rastrearam, no início de julho, o terceiro visitante interestelar a passar pelo nosso Sistema Solar. Denominado 3I/ATLAS, o objeto foi inicialmente classificado como cometa pelos especialistas, mas o polêmico cientista Avi Loeb sugere que pode se tratar de uma sonda alienígena.

O astrofísico da Universidade de Harvard e seus colegas submeteram um artigo ao servidor de pré-impressão arXiv (arxiv.org). No texto, os autores argumentam que a trajetória, o tamanho e o comportamento do 3I/ATLAS sugerem que o objeto pode ter sido enviado por uma civilização extraterrestre.

Um possível indício de origem artificial levantado pelo cientista é o fato de que a órbita do 3I/ATLAS o leva para muito perto de Vênus, Marte e Júpiter. Além disso, o astrofísico considera suspeito que, quando o objeto atingir o ponto mais próximo do Sol, em 29 de outubro, ele ficará oculto da perspectiva terrestre.


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“Isso pode ser intencional, para evitar observações detalhadas por telescópios baseados na Terra”, ressaltou Loeb à Newsweek.

O cientista israelense também afirma que o brilho do objeto interestelar indica um diâmetro de cerca de 20 quilômetros — o que, segundo ele, seria grande demais para um asteroide comum.

3I/Atlas
Registro do 3I/Atlas passando pelo nosso Sistema Solar (ESA/La Cumbres Observatory)

Hipótese sobre o 1I/ʻOumuamua

A relação de Avi Loeb com hipóteses que conectam objetos interestelares a possíveis civilizações alienígenas não é nova. Em 2018, um ano após o rastreamento do 1I/ʻOumuamua, ele publicou dois artigos científicos sugerindo que o objeto poderia ter origem artificial.

Em 2021, Loeb lançou o livro “Extraterrestre: O primeiro sinal de vida inteligente além da Terra”, um best-seller de não ficção em que discute a possibilidade de o 1I/ʻOumuamua ser, na verdade, uma nave espacial alienígena.

Oumuamua
Avi Laeb também já sugeriu que 1I/ʻOumuamua seria uma nave espacial alienígena (ESO/M. Kornmesser)

Nossas sondas alienígenas

“A ideia de sondas alienígenas vagando pelo cosmos pode parecer estranha, mas nós mesmos enviamos algumas na década de 1970. Tanto a Voyager 1 quanto a 2 já deixaram oficialmente o nosso Sistema Solar, e as Pioneer 10 e 11 não ficaram muito atrás”, destaca Sara Webb, professora no Centro de Astrofísica e Supercomputação da Universidade de Tecnologia de Swinburne.

No entanto, identificar sondas enviadas por civilizações extraterrestres — caso existam — pode ser difícil devido ao tamanho desses objetos. As sondas Voyager, por exemplo, têm cerca de 10 metros de comprimento, e uma nave alienígena com proporções semelhantes só poderia ser detectada se estivesse, por exemplo, no cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter.

Voyager 1
Voyager 1 também pde sr considerada uma sonda alienígena (NASA/JPL-Caltech)

Caso algo suspeito fosse detectado, os cientistas buscariam sinais adicionais, como emissões de rádio que pudessem indicar uma tentativa de comunicação — o que sugeriria que a sonda ainda está ativa.

Os astrônomos também poderiam procurar por efeitos causados pela luz solar, como descargas eletrostáticas, ou por evidências de propulsão, manobras controladas ou aproximações em órbita estável com a Terra.

“Sem querer me gabar, mas a Terra é genuinamente o lugar mais interessante do Sistema Solar — temos água, uma atmosfera saudável, um forte campo magnético e vida. Uma sonda com alguma capacidade de decisão provavelmente desejaria investigar e coletar dados sobre nosso pequeno e interessante planeta”, afirma Webb.

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