Trump e Epstein eram amigos? Veja o que se sabe sobre a relação dos dois

Donald Trump e Jeffrey Epstein conviveram nos mesmos círculos sociais nos anos 1990 e início dos anos 2000. Fotografias, registros de voo e depoimentos confirmam encontros entre os dois. Mas o que se sabe — e o que ainda está em sigilo — mantém a relação no centro de uma controvérsia que voltou a ganhar força em 2025.

Entenda a seguir os fatos conhecidos e as dúvidas que pairam no ar a respeito do nível de proximidade do presidente americano com Epstein, e quais as possíveis implicações com os crimes de abuso sexual de menores que levaram à prisão o magnata que se suicidou em agosto de 2019.

Convívio próximo nos anos 1990

Jeffrey Epstein, financista acusado de comandar uma rede de exploração sexual de menores, era figura frequente em eventos da elite nos Estados Unidos. Nos anos 1990, ele e Donald Trump foram vistos juntos em diversas ocasiões.

Trump chegou a afirmar, em 2002, que Epstein era “um cara excelente”. O ex-piloto de Epstein, Lawrence Visoski, declarou em tribunal que Trump voou diversas vezes no jato particular do financista. Registros de voo e a agenda de contatos de Epstein também citam o então empresário e apresentador de TV.

Fotos divulgadas pela CNN mostram Epstein como convidado no casamento de Trump com Marla Maples. Os dois mantinham amigos em comum e circularam em ambientes semelhantes por anos.

Quando e por que a relação terminou?

Segundo declarações públicas de Trump, o rompimento com Epstein ocorreu por volta de 2004, dois anos antes da primeira prisão do financista. Em entrevistas, Trump disse que deixou de ser “fã” de Epstein após esse período.

A Casa Branca afirmou recentemente que o rompimento se deu porque Trump teria expulsado Epstein de seu clube em Mar-a-Lago por “comportamento inapropriado”. Já o Washington Post sugere que a briga pode ter envolvido uma disputa imobiliária na Flórida.

Apesar da proximidade passada, Trump nunca foi formalmente acusado de envolvimento nos crimes de Epstein.

O que são os “arquivos Epstein” e por que eles voltaram à tona?

Os chamados “arquivos Epstein” reúnem documentos de duas investigações criminais — a primeira, em 2008, e a segunda, em 2019 — além de materiais civis e provas coletadas em operações do FBI.

Apenas parte desses documentos se tornou pública. Em janeiro de 2024, um lote de 1.400 páginas foi liberado, contendo registros já conhecidos. Em fevereiro de 2025, o Departamento de Justiça divulgou 341 páginas adicionais, incluindo logs de voo e uma versão editada da agenda de Epstein.

Apesar da expectativa, esses documentos não revelaram novos fatos relevantes sobre Trump ou outros nomes ligados a Epstein.

Trump recua de promessa e enfrenta críticas

Durante a campanha presidencial de 2024, Trump afirmou que tornaria públicos os documentos relacionados a Epstein. No entanto, após assumir o mandato, recuou, dizendo que o caso estava encerrado.

A situação se agravou quando Bondi, em entrevista à Fox News, sugeriu ter uma suposta lista de clientes de Epstein “sobre sua mesa”. Dias depois, o Departamento de Justiça negou a existência de tal lista.

Novas descobertas

O caso esquentou nos últimos dias, após reportagens do Wall Street Journal revelarem primeiro uma carta enviada por Trump por ocasião do aniversário de Epstein, em que desenhava uma mulher nua e trazia frases, no mínimo, suspeitas.

Dias depois, o jornal revelou que, em maio de 2025, a procuradora-geral Pam Bondi informou Trump que seu nome aparecia em documentos ainda não divulgados. Isso levou parte de sua base conservadora, especialmente influenciadores do movimento MAGA, a exigir mais transparência.

Em meio à pressão, Trump pediu, em julho de 2025, que Bondi solicitasse a um juiz federal a liberação das transcrições do grande júri do caso de 2019. O pedido foi negado.

O que pode ser revelado a seguir?

Reportagem do New York Times especula que Trump possa ter relação com a rede de tráfico e abuso de menores orquestrada por Epstein. Em uma reportagem, o jornal detalha o depoimento de uma denunciante que visitou o escritório de Epstein e encontrou Trump, que teria dito que ela parecia ter 16 anos.

A pressão de parte da base de Trump e da oposição nos EUA é que o conteúdo completo dos arquivos de Epstein sejam divulgados. No entanto, a decisão depende de aval do Congresso americano, que entrou em recesso forçado pelo presidente da Câmara, Mike Johnson, aliado de Trump. Os trabalhos no legislativo americano voltam apenas em setembro.

(com Reuters e BBC)

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