Uma pesquisa feita pela Norton, empresa especializada em cibersegurança, revelou que 39% dos pais brasileiros afirmaram que seus filhos já buscaram companhia por meio de inteligências artificiais (IA). Além disso, 14% dos responsáveis relataram que as crianças foram vítimas de cyberbullying. Os dados fazem parte do relatório “2025 Norton Cyber Safety Insights: Connected Kids”, que também aponta a dificuldade dos responsáveis em monitorar a atividade online dos filhos e a crescente preocupação com os riscos das interações virtuais. A seguir, saiba mais sobre o estudo publicado.
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Crianças no Brasil estão utilizando IA para buscar companhia, diz estudo
Reprodução/Freepik
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Por que as crianças estão hiper conectadas? Psiquiatra explica
Com a popularização das inteligências artificiais, a interação diária com os softwares se tornou algo comum e banal. Segundo a psiquiatra Bianca Bolonhezi, a relação da IA com a geração jovem se explica, em parte, pela falta de orientação dos pais em relação ao uso saudável dessa tecnologia. “A criança ganha o primeiro celular, o primeiro tablet, às vezes aos dois, três anos. Ela percebe que aquilo vai fazer parte da vida dela. Muitas vezes, acaba criando uma relação muito mais íntima com a IA do que os próprios adultos. Porque ela vai encontrar a IA nos jogos, no assistente virtual, no aplicativo educacional — ou até mesmo no ChatGPT”, afirmou Bolonhezi.
Segundo a pesquisa da Norton, 67% dos pais brasileiros apontam que seus filhos já possuem acesso ao ChatGPT, e 39% desses já buscam a plataforma com o intuito de obter apoio emocional e companhia no geral. No entanto, a negligência parental não é o único fator que contribui para essa realidade. Bolonhezi afirma que a hiper conectividade é um problema que afeta os próprios pais, que também não conseguem manejar o tempo de tela deles. “Esses pais precisam conversar. Precisam mostrar o próprio esforço para usar de forma consciente, mostrar que também têm dificuldades, acolher as dúvidas das crianças e falar abertamente sobre comportamentos de risco, os malefícios, como reconhecer manipulações — e, principalmente, fazer isso antes que algo aconteça”, disse a psiquiatra.
Chatbots de texto como o software da OpenAI possuem a capacidade de serem modificados e adaptados para se encaixarem perfeitamente à necessidade do usuário. Essa capacidade faz com que os softwares respondam e ajam como verdadeiras pessoas, deixando de lado a comunicação metódica de um chatbot e agindo como uma companhia para o usuário. Ferramentas como Character AI, Replika e Kindroid são projetadas com o único intuito de assumir o papel de personagens já existentes, incluindo sua imagem, trejeitos e formas de falar.
Como as crianças podem usar tecnologia de forma saudável?
Esse cenário ativa um alerta em profissionais da saúde, que alertam sobre a necessidade de educar e capacitar os jovens para lidar com esse tipo de tecnologia. A pediatra Mariana Bolonhezi acredita que o desenvolvimento infantil pode ser impactado em diversos aspectos por conta do uso da IA e outras formas de tecnologia. Entre os problemas possíveis estão a redução da qualidade do sono, aumento do sedentarismo, capacidade de concentração diminuída, perda da criatividade e prejuízos nas interações humanas.
Além disso, é necessário dar atenção a proteção dos dados das crianças enquanto elas navegam online. “É necessário avançar em regulamentações específicas para o uso da inteligência artificial na infância, especialmente no que diz respeito à proteção de dados. O ambiente digital precisa ser mais seguro para que a tecnologia possa ser usada de forma saudável, com limites claros e responsabilidade”, disse Bolonhezi.
No entanto, Bolonhezi reconhece que existem plataformas de IA com propostas educativas e ajudam a tornar a educação mais inclusiva. Segundo a psiquiatra, é importante que as crianças sejam honestas em relação ao uso de inteligência artificial em tarefas escolares e definam limites de tempo para o uso de dispositivos eletrônicos, incentivando brincadeiras, leitura e atividades ao ar livre.
“É essencial estimular atividades que promovam a criatividade e a interação social. Reduzir o tempo de tela e incentivar brincadeiras, leitura e atividades ao ar livre são formas práticas e eficazes de equilibrar o uso da tecnologia. Outro ponto fundamental é a conversa constante com as crianças sobre segurança digital e uso consciente da tecnologia. Elas precisam entender que podem ser monitoradas, manipuladas ou expostas a conteúdos inadequados, e por isso devem tomar cuidado”, explicou a pedagoga.
Com informações de Norton Cyber Safety Insights Report: Connected Kids, Norton
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