A Netflix confirmou o uso de inteligência artificial (IA) generativa em uma de suas produções pela primeira vez. Em uma conferência com investidores, o co-CEO Ted Sarandos revelou que uma cena de O Eternauta, drama apocalíptico sobre uma invasão alienígena na Argentina, foi parcialmente criada com IA. A sequência, que mostra um prédio desabando, foi finalizada dez vezes mais rápido do que com métodos tradicionais de efeitos visuais. Segundo Sarandos, a tecnologia viabiliza cenas que estariam fora do orçamento com os recursos convencionais. A aposta da Netflix não é isolada: a Disney também vem testando o uso da IA para acelerar processos e reduzir custos. A seguir, entenda o que muda com a chegada da inteligência artificial às telas.
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Netflix confirma uso de IA pela primeira vez em super produção; saiba mais
Reprodução/ABC News
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Netflix confirma uso de IA em série e inaugura fase no audiovisual
Série argentina O Eternauta, da Netflix, contou com uso de IA
Reprodução/IMDb
Uma das cenas mais impactantes da série O Eternauta, o desabamento de um prédio, foi justamente a sequência gerada com IA. Ted Sarandos afirmou que seria inviável filmar a cena no orçamento disponível e, mesmo com efeitos convencionais, demandaria muito mais tempo e recursos.
A sequência aparece no sexto e último episódio da primeira temporada da série, durante uma das visões do protagonista, Juan Salvo, interpretado por Ricardo Darín. Em vez de recorrer a modelos físicos ou CGI tradicional, os criadores utilizaram ferramentas de IA para compor os elementos do prédio desmoronando, incluindo fragmentos, poeira, iluminação e movimentos de câmera. Não foi revelado oficialmente qual software foi usado na série, mas uma fonte teria confirmado à Bloomberg que se tratava de fato da tecnologia da Runway AI.
Cena com uso de IA aparece no sexto episódio de O Eternauta, da Netflix
Reprodução/Netflix
A corrida pela IA no entretenimento já começou
O uso da inteligência artificial em Eternauta marca a entrada oficial da Netflix em um território que outras grandes empresas do setor já vêm explorando. A Disney estaria entre os estúdios de Hollywood que estão nessa empreitada, reservadamente, o uso da mesma ferramenta de inteligência artificial generativa que teria sido adotada pela Netflix. O interesse é motivado pela promessa de reduzir tempo e custos na produção audiovisual. Embora a empresa tenha afirmado não haver planos concretos para integrar o software agora, o movimento indica uma crescente aceitação da IA na indústria do entretenimento.
Greve dos atores de Hollywood ocorreu no final de 2023, mas polêmica sobre uso de IA no audiovisual continua
Reprodução/MarioTama/Getty Images via AFP
O aumento do uso da tecnologia ocorre em meio a debates sobre os impactos éticos e profissionais da automação no setor audiovisual. Durante as greves recentes em Hollywood, sindicatos como o SAG-AFTRA e o WGA incluíram cláusulas específicas em suas negociações para regular o uso de IA em roteiros, dublagens e imagens de atores.
A preocupação principal é garantir que a tecnologia não substitua empregos criativos nem viole direitos de imagem e propriedade intelectual. Ainda assim, casos como o da Netflix e da Disney mostram que o uso da IA como ferramenta de apoio, principalmente em tarefas técnicas e de alto custo, pode se tornar cada vez mais comum.
Com informações de ZD Net, Bloomberg e TechRadar.
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